State Grid assume oficialmente controle da Plena Transmissoras

SÃO PAULO – A empresa estatal chinesa State Grid está, a partir de hoje, oficialmente no Brasil. A empresa fechou hoje a operação de compra da Plena Transmissoras, que pertenciam aos espanhóis Abengoa, Cobra, Elecnor e Isolux.

Trata-se da maior operação de chineses no país e a liquidação financeira somou R$ 3,1 bilhões, sendo que quase metade será embolsado pelo BNDES, que era o titular da dívida da Plena. O banco impôs uma série de condições para a troca de titularidade da dívida, entre elas, a exigência de um sócio brasileiro.

O governo brasileiro teme a invasão dos chineses no país sem uma contrapartida e, por isso, o BNDES fez uma série de exigências para aceitar que os chineses se tornassem os titulares da dívida.

Além do sócio brasileiro, o banco exigiu ainda equipamentos e mão de obra nacionais. Os chineses então decidiram pagar a dívida integralmente, mas não informaram se vão substituí-la por outro financiamento.

Na semana passada, em uma decisão técnica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permitiu uma operação de crédito entre a State Grid Brazil Holding Ltda. e as sete transmissoras que estão sob o guarda chuva da Plena. A operação, que tem valor total de R$ 1,35 bilhão, prazo de até 30 de novembro de 2012 e encargos máximos de 10% ao ano, será usada na quitação da dívida das empresas.

Em sua decisão, a superintendência de fiscalização econômica da Agência ressaltou, entretanto, que se forem feitos novos empréstimos pelas transmissoras visando alongar a dívida, eles precisarão ter encargos compatíveis ou inferiores ao dessa dívida que as empresas tinham com o BNDES.

Com o fechamento da operação, a State Grid passa a ter no Brasil mais de 3 mil quilômetros de linhas de transmissão. Por meio de nota enviada ao Valor, o vice-presidente sênior da empresa, Shu Yinbiao, disse que a empresa tem um compromisso de longo prazo com o Brasil e pretende continuar a fazer investimentos significativos em transmissão, energia renovável e pesquisa e desenvolvimento no setor energético.

A chinesa é a maior transmissora do mundo e opera mais de 500 mil quilômetros de linhas na China. Para se ter uma ideia do tamanho da empresa, essa quilometragem é cinco vezes maior do que o total das linhas existentes no Brasil.

O grande foco de atuação dos chineses é em linhas de alta tensão de corrente contínua. No Brasil, as únicas desse tipo são os linhões que ligam Itaipu ao Sudeste e os que vão ligar as usinas do Rio Madeira também ao Sudeste.

Com a expansão da exploração hidrelétrica na região Amazônica existe a expectativa de que novas linhas sejam construídas no país com essa tecnologia.

A empresa foi assessorada no Brasil pelo Standard Bank, que foi quem levou a proposta aos chineses. O banco de origem sul-africana criou uma estrutura especialmente voltada para assessoramento de negócios entre chineses e brasileiros já que possui subsidiárias nos dois países.

(Josette Goulart | Valor)

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