Telefônica intensifica ação no Rio e desafia Oi

O grupo Telefônica deixou claro, ontem, que já tem desenhada a estratégia de atuação nacional voltada para o mercado empresarial. O diretor-geral da companhia, Luis Miguel Gilpérez, anunciou que vai instalar no Rio de Janeiro, cidade sede da maior concorrente, a Oi, um centro de pesquisas para desenvolvimento de aplicativos para sistemas móveis e fixos em parceria com fornecedores.

Os planos da companhia são de ampliar o perfil de produtos de tecnologia da informação voltados para telecomunicações. O diretor-geral da área de empresas da Telefônica America Latina, Daniel Jiménez, explicou que o caminho é unir as facilidades da mobilidade aos aplicativos para tornar o dia a dia dessas empresas mais eficiente e com custos menores.

O executivo informou que a Vivo tem como clientes no Brasil cerca de 1,5 mil empresas com mais de 500 empregados e o foco não é só ampliar esse universo, mas, também, atender mais e melhor essas empresas. A estratégia do grupo espanhol é voltada para o mercado empresarial latino-americano. A meta é crescer a base de clientes em 20% em um ano. Só no segmento de empresas com mais de 500 funcionários são 2 milhões de usuários. Na área de dados com serviços sem fio, são 500 mil usuários e, em um ano, o plano é de atingir 600 mil nos países da região. A divisão empresas da Telefônica na América Latina faturou no ano passado € 2,7 bilhões.

Jiménez explicou que a estratégia do grupo no Brasil, que na telefonia fixa vinha operando apenas em São Paulo, é desenhar a atuação nacional utilizando recursos da Vivo. A operadora móvel conta com uma rede de fibras ópticas de 24 mil quilômetros cortando o país e o caminho que está sendo implementado é de usar também essa infraestrutura e a de telefonia celular para serviços de dados. O foco para o mercado corporativo será na oferta de aplicativos, sistemas de segurança – "são criados no mundo 129 virus por dia", disse ele – produtos de correio para a telefonia fixa e computação em nuvem, modelo pelo qual o cliente usa equipamentos de um provedor para processar suas informações remotamente.

Na estratégia de ampliar o leque de serviços, o grupo espanhol trouxe para o Rio os principais fabricantes de smartphones e tablets, além de cerca de 700 executivos da área de desenvolvimento de software para discutir tendências e mostrar novas tecnologias.

No evento batizado de Móvel Fórum, que começou ontem e termina hoje no Rio, a RIM, criadora do BlackBerry e com forte atuação no mercado empresarial, informou que até o início de 2012 lançará no Brasil seu tablet, o PlayBook, que chegou no Canadá e nos Estados Unidos em abril. Por enquanto, a conexão é por meio de Wi-Fi. Os modelos com acesso pela rede de telefonia celular 3G e 4G serão lançados até o final do ano, disse o vice-presidente de software da RIM, Alan Panezic.

No México, Colômbia e Venezuela o PlayBook deverá ser lançado em junho. Panezic foi cauteloso quanto à estratégia para o Brasil, mas certamente as decisões em torno do lançamento serão impactadas pelas decisões anunciadas segunda-feira pelo governo brasileiro, que promete reduzir o custo dos tablets. O produto da RIM foi lançado no Canadá e nos Estados Unidos com preço entre US$ 499 (16 Gigabits), US$ 599 (32 Gb) e US$ 699 (64 Gb).

O executivo explicou que o tablet traz diferentes aplicativos. Com um simples toque na tela uma empresa de varejo, por exemplo, pode acompanhar o estoque de forma visual, por meio de um sistema da SAP. Disse, ainda, que a RIM vai lançar aplicativos para o BlackBerry baseados no sistema operacional Android, utilizando a plataforma QNX, a mesma do tablet.

A Motorola Solutions, por sua vez, que também deve lançar um tablet no Brasil até 2012, está focada em sistemas para o mercado empresarial baseadas em equipamentos robustos. Um smartphone que pode cair no chão sem se quebrar e uma tela que permanece legível à luz do sol são propostas que a companhia oferece para fábricas, áreas de segurança pública e serviços de saúde. "Custa mais caro que os smartphones convencionais, mas para o cliente vale a pena ter um produto que pode ser usado por três anos, sem precisar ser trocado", diz o presidente da Motorola Solutions, Eduardo Stefano.

(Heloisa Magalhães | Valor)

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