Thá fecha venda de controle para Sam Zell

O presidente do grupo paranaense Thá, Sandro Westphal, estava caminhando no fim de 2010 no Rio de Janeiro quando o amigo que o acompanhava atendeu a ligação de um corretor americano que buscava oportunidades no Brasil e lhe entregou o telefone. A conversa durou dois minutos, continuou por e-mail e, um mês depois, em São Paulo, ele jantou com representantes da Equity International (EI), braço de private equity do investidor Sam Zell.

Foi assim, quase por acaso, que começou a negociação concluída na semana passada. A família Thá, que há 116 anos criou uma empresa que hoje atua em incorporação, engenharia e venda de imóveis, ficou com apenas 20% do grupo e repassou 80% ao novo sócio, por valor não revelado. Agora, Westphal, que foi mantido no cargo e também virou acionista minoritário, planeja ampliar o número de lançamentos de imóveis em 15% em 2012 e já conta com a entrada de recursos no grupo. "Com certeza vai ter aporte expressivo ao longo do ano", diz. O montante, segundo ele, vai depender de oportunidades que serão apresentadas pela equipe aos sócios. "O capital deixa de ser um gargalo para nós e passa a ser alavanca para o crescimento."
 
A reestruturação do grupo Thá começou antes, com a saída de membros da família dos principais cargos executivos, em 2006, mesmo ano em que foi firmada uma parceria com a incorporadora Rossi para atuação no Paraná. No começo do ano passado, foi fechada a venda de 60% da unidade imobiliária para a Lopes, mas os executivos continuavam trabalhando na possibilidade de venda do grupo. Antes, havia 45 acionistas, o que incluía primos de segundo e terceiro graus, que passaram a ser representados por 17 sócios em sete holdings familiares, o que facilitou o acordo final.

Westphal informa que foram feitos ensaios com outros quatro fundos antes de fechar com a Equity International, sendo dois em 2007 e 2008 e dois no ano passado. "Com os outros as negociações tinham diferentes formatos, mas não tinham o mesmo brilho da Equity International", explica o executivo. Segundo Westphal, a família colocou algumas exigências. Queria uma parceria não predatória, de alguém que não fosse concorrente da Thá e que permitisse o crescimento futuro da companhia.

Dias atrás, logo após a confirmação da entrada do novo sócio, a Thá publicou anúncio para dizer que "virou internacional". De acordo com o executivo, isso não quer dizer que haverá troca na gestão. Pelo contrário, a estrutura deverá ser mantida e, de novidade, há a contratação de um diretor financeiro e a criação de um conselho com três membros, sendo dois da Equity International e um dos agora minoritários.

Também não quer dizer que a companhia paranaense vá atuar em outros mercados, embora a possibilidade não seja descartada no médio prazo, em países vizinhos como Argentina e Paraguai. "Hoje o mercado convida para ficar no país", diz Westphal, que tem como prioridade o Sul do Brasil na unidade de incorporação e, na área de engenharia, vai mais longe, para atender clientes como o Walmart.

O diretor de operações, Arsenio de Almeida Neto, conta que o fechamento do negócio com a Equity International foi prioridade nos últimos meses, mas encerrada essa etapa, os olhos estarão voltados para o crescimento. Segundo a direção do grupo, a bolsa de valores continua sendo alternativa de captação no futuro, mas existe a expectativa de que a Equity International fique alguns anos na sociedade e que haja troca de experiências com empresas nas quais o fundo tem participação em outros países.

Westphal afirma que o mercado de imóveis vai continuar a crescer no Brasil e que há oportunidades em todas as classes sociais. O executivo conta que em janeiro a Thá lançou um residencial com 150 apartamentos de um quarto em Curitiba e vendeu tudo em 15 dias.

(Marli Lima | Valor)
 

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