Transpetro vai lançar Promef 3 e não descarta importação de aço

Apesar de prever que só vai receber em setembro o primeiro navio do Programa de Renovação da Frota, lançado em 2005, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, já pensa em lançar até o fim do ano a terceira edição do Promef.

Segundo o executivo, o novo programa prevê a licitação de ao menos 20 embarcações de médio e grande porte. A estatal pretende arrematar navios modelos VLCC, Suezmax e de produtos.

"Já estamos negociando o Promef 3. Temos que compreender o tamanho que o Brasil representa no mercado de óleo e gás e o tamanho que terá a nossa produção em 2020 (mais de 6 milhões de barris de óleo equivalente)", afirmou a jornalistas durante seminário do setor.

"Toda indústria pioneira tem problemas e dificuldades… o Promef 1 achamos que engatilhou. Ao final dos 22 navios, o prazo de atraso de entrega, se houver, vai ser de pouquíssimos meses", adicionou.

O navio Celso Furtado, o primeiro encomendado pelo Promef, será lançado ao mar no mês de setembro com cerca de 1 ano de atraso. O João Candido será entregue a Transpetro em outubro, segundo Machado.

"Vai sair o primeiro navio em um mês e o João Candido no mês seguinte….( a demora) é algo normal de um primeiro navio de uma série", disse Machado. Outros dois navios devem ser entregues à estatal até o final do ano.

O Promef 1 licitou em 2005 26 navios, e o Promef 2 outros 23 embarcações em 2008. De lá para cá houve problemas com os estaleiros vencedores das licitações e no fornecimento do aço necessário para a construção das unidades.

A Transpetro travou nos últimos anos uma luta pela redução de preços do aço plano para navios, fabricado no Brasil apenas pela Usiminas, e importou a maior parte do aço utilizado pelos estaleiros.

Das 710 mil toneladas demandadas pelos dois programas de renovação de frota, até o momento foram compradas 170 mil toneladas, informou Machado. Desse total, 41 por cento foi fornecido pela Usiminas e o restante comprado no exterior.

IMPORTAÇÃO

A possibilidade de novas importações não foi totalmente descartada pelo executivo.

"Continuamos com a mesma política, convidamos 16 siderúrgicas de 8 países e vimos que dá o melhor preço… a Usiminas já ganhou mais de 40 por cento e espero que ganhe mais, mas não sou dirigente da Usiminas para definir preço", avaliou o executivo.

Na próxima sexta-feira haverá um reunião com a cúpula da Petrobras e do governo para discutir o estímulo à indústria de navipeças (motores, máquinas, equipamento e outros no Brasil).

O chamado segundo estágio da cadeia produtiva tem poucos fornecedores capazes de atender a demanda de investimentos da Petrobras e do setor de petróleo e gás.

O Governo do Estado do Rio de Janeiro lançou um programa na abertura da Navalshore, de incentivo à instalação no Estado de empresas para atender o setor.

Segundo o secretário de Desenvolvimento do Estado, Julio Bueno, a idéia é criar um pólo industrial do setor de navi-peças no Rio e, para atrair essas empresas, o governo estadual poderia zerar a alíquota de ICMS, que varia de 12 a 18 por cento.

"Estamos pensando numa área de 600 mil metros quadrados para esse pólo. Acho que um pólo com 15 a 20 empresas seria ideal. Podemos usar os recursos do InvestRio( agência de fomento do Rio) para financiar essa gente. Temos um caixa de 3 bilhões de reais", disse a jornalistas.

Sérgio Machado destacou que para atender a demanda interna até 2020 seriam necessários mais 5 estaleiros no Brasil, 3 de produção e 2 para reparos para atender a demanda da Petrobras, da cadeia de petróleo e gás, e da mineradora brasileira Vale.

A estimativa de Machado é que o Brasil deve ter uma demanda anual de 50 a 60 navios para ter uma indústria de navi-peças competitiva e capaz de exportar.

(Rodrigo Viga Gaier l Reuters)

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