Trisul abrirá mão de crescer para se tornar mais rentável

Ainda não foi no terceiro trimestre que a Trisul conseguiu livrar seu balanço do impacto negativo da revisão do orçamento de obras. Mas no que depender do presidente da companhia, Jorge Cury, essa foi a última vez que a construtora teve seu desempenho comprometido pelo descontrole na gestão de custos. Nem que para isso seja necessário pisar no freio.
 
O impacto no resultado líquido referente à revisão orçamentária foi de R$ 7,2 milhões no trimestre. Apenas um resíduo, se comparado aos R$ 88,7 milhões que deixaram a Trisul com prejuízo de R$ 46,8 milhões nos primeiros seis meses do ano.

O montante contribuiu, porém, para que o lucro da companhia recuasse quase 80%, para R$ 4 milhões, de julho a setembro. No período, a receita líquida encolheu 6,5%, para R$ 214,6 milhões, enquanto a margem bruta foi para 23%, em queda de seis pontos percentuais. "O que importa é que voltamos a dar lucro", afirma Cury.

No acumulado do ano, no entanto, a companhia permanece no vermelho. O prejuízo nos primeiros nove primeiros meses totaliza R$ 43,1 milhões, contra um lucro de R$ 57,2 milhões alcançado um ano antes.
 
O saldo negativo é reflexo de negociações e novos aditivos de contratos com parceiros e subempreiteiros, de necessidade de refazer serviços e, por fim, da escassez e alta dos custos com mão de obra, insumos e locação de equipamentos.
 
O mesmo fenômeno comprometeu a performance de outras construtoras listadas na bolsa – como Cyrela, Gafisa, MRV e Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário. Mas só no caso da Trisul resultou num atraso de dois meses na divulgação do balanço do segundo trimestre. "Agora estamos monitorando cada canteiro de obra", garante.
 
Daqui para frente, o objetivo é gerar caixa e se desalavancar no curto prazo. No terceiro trimestre, a Trisul gerou R$ 63 milhões de caixa e usou R$ 148 milhões para quitar dívidas. Apesar do fluxo negativo, o saldo de caixa no fim de setembro era de R$ 222 milhões.

Para cumprir o que propõe, a Trisul está abrindo mão de crescer em nome da rentabilidade. Isso inclui reduzir suas despesas administrativas (inclusive, gastos com executivos) e encerrar o ano com volume geral de lançamentos de até R$ 350 milhões, algo em torno da metade de 2010. "O nosso foco é entregar os empreendimentos."
 
Paralelamente, a companhia aos poucos deixa a briga pela classe C para as concorrentes que têm posicionamento geográfico para produzir em larga escala. "Não é o nosso perfil."

(Valor)

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