A Gafisa estaria avaliando propostas para vender a Alphaville Urbanismo, segundo o jornal O Estado de S.Paulo. A venda da companhia de loteamento, porém, ainda seria apenas uma das alternativas – e encontraria resistência de parte do conselho de administração da Gafisa.
Entre os interessados, segundo o Estadão, estaria o investidor americano Sam Zell, que se tornou bilionário ao apostar em imóveis.
Não é difícil entender por que se desfazer da Alphaville seja uma decisão que divide as opiniões. A empresa é o negócio que mais se desenvolveu no ano passado, segundo os resultados prévios já divulgados pela Gafisa. Seu peso nos negócios do grupo supera os 40%, de acordo com os itens considerados.
Na prévia de 2012 divulgada pelo grupo, a Alphaville respondeu por 1,3 bilhão de reais em lançamentos – ou 45% do total. Para se ter uma ideia, um ano antes, esse percentual era de 28%, ou 971,8 milhões de reais.
Fôlego próprio
É claro que o peso da Alphaville sobre o total de negócios cresceu, em parte, pela freada da Tenda, a marca de imóveis populares da Gafisa. Após os problemas de atraso nas entregas das unidades já vendidas pela Tenda, a Gafisa decidiu não lançar nada no ano passado por essa marca.
Mas o outro ponto é que a Alphaville realmente acelerou 38% nos lançamentos, enquanto a própria marca Gafisa, que foca imóveis de classe média alta e alto padrão, viu o total de lançamentos recuar 25% no ano passado, para 1,6 bilhão de reais.
Uma coisa é lançar os imóveis. Outra é fazer dinheiro com eles. E, nesse ponto, a Alphaville também se sobressaiu no ano passado. A marca viu suas vendas crescerem 32% e somarem 1,1 bilhão de reais, o equivalente a 42% do total do grupo. Foi o único segmento do grupo que avançou. A marca Gafisa, por exemplo, recuou 27% em vendas, para 1,6 bilhão de reais. A Tenda foi bem pior: registrou vendas negativas de 74 milhões de reais, devido ao cancelamento de vendas com clientes que, segundo a empresa, não se adequavam ao perfil desejado.
Ativo estratégico
Para qualquer empresa do ramo imobiliário, um dos ativos mais preciosos é o seu banco de terrenos. Não é segredo que, para sobreviver nesse mercado, é preciso deter áreas bem localizadas. E, nesse ponto, a Alphaville também se destaca. A loteadora possui o maior banco de terrenos do grupo, avaliado em 10,5 bilhões de reais, segundo o balanço do terceiro trimestre.
(Exame)