Oberthur vai expandir produção no Brasil

No fim do ano passado, o governo brasileiro definiu a emissão de uma nova carteira de identidade, o chamado Registro Único de Identificação Civil (RIC), que reúne diversos documentos (RG, título de eleitor e CPF) em um cartão com chip. A substituição será gradativa, mas o mercado de 150 milhões de cartões atraiu peso-pesados do setor. "Será o maior projeto de identificação digital do mundo depois da Índia e queremos participar dele com a abertura de uma nova fábrica no Brasil", afirma Xavier Fricout, diretor-executivo da divisão de identificação da Oberthur Technologies, empresa francesa que atua nesse segmento em todo o mundo. O plano da companhia é abocanhar 20% do mercado no país.

Desde 2004 no Brasil, a Oberthur conta com uma unidade em Cotia, na Grande São Paulo, para a produção de cartões bancários com chip e cartões telefônicos pré-pagos para operadoras de telecomunicações (simcard), tendo como clientes Visa, Mastercard, American Express e Itaú, além de todas as operadoras móveis.

A nova fábrica será inaugurada no segundo semestre. A unidade atual, de 4 mil metros quadrados, será desativada. Em seu lugar, passarão a funcionar as novas instalações, com 7 mil metros quadrados, incluindo a nova divisão de identificação digital. "Será uma fábrica totalmente nova, com recursos de segurança requeridos pelos órgãos governamentais para um projeto desse tipo", afirma Fricout.

A unidade já está pronta e aguarda apenas a certificação dos bancos clientes em relação à emissão de cartões bancários. Fricout veio da França para apresentar o projeto de identificação digital ao governo brasileiro. O RIC tem regras e procedimentos centralizados e definidos em âmbito federal. A implantação, porém, será descentralizada e feita pelos 27 Estados brasileiros, potenciais clientes da Oberthur.

Mundialmente, a receita da Oberthur é de € 900 milhões. A companhia não divulga quanto o Brasil representa desse montante, nem quanto será investido na nova unidade. Só para se ter uma ideia, a Gemalto, uma das concorrentes da Oberthur no Brasil, assim como a GD Burti e Sagem Orga, investiu US$ 10 milhões no fim do ano passado. A fábrica da Oberthur vai emitir o cartão de policarbonato, colocar o sistema operacional no chip e fazer a personalização do documento.

"Além do RIC, vemos um mercado promissor no segmento de passaportes, que em dois anos deve significar 10 milhões de documentos", afirma a diretora de vendas da Oberthur, Paula Santos. A executiva é brasileira, mas trabalha na sede da Oberthur na França e veio ao Brasil para implantar a divisão de identificação digital.

Segundo o presidente da subsidiária brasileira, Xavier Libret, a Oberthur tem 12 fábricas no mundo. "A estratégia é concentrar as unidades em cinco grandes polos de produção: um na China, dois na Europa, um nos Estados Unidos e um na América Latina, justamente a fábrica brasileira que exportará para países próximos", afirma o executivo.

Já os centros de personalização, hoje instalados em 32 locais, serão descentralizados e passarão a funcionar em cada país onde a Oberthur mantém negócios. Esses centros são áreas de serviço de impressão da identidade do usuário. O documento de identificação digital brasileiro, por exemplo, integrará assinatura eletrônica, o que permitirá tirar um documento pela internet sem ter que reconhecer firma em cartório. O computador do usuário integrará um leitor da identidade digital, permitindo até compras eletrônicas de forma mais segura.

A Oberthur é uma das contratadas para a emissão do euro na Europa e outras cédulas em 47 países, além da emissão de passaportes. No segmento de cartões, emite 800 milhões de unidades por ano mundialmente.

(Ana Luiza Mahlmeister | Valor)
 

 

 

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