Oferta de quartos no Rio vai crescer 27% em dois anos

O Rio de Janeiro tem hoje 3.548 quartos de hotéis sendo construídos e outros 3.560 em projetos licenciados a serem entregues até dezembro de 2013. O número de habitações deve crescer 26,9% no período, de 26.558 para 33.394. A expectativa da Rio Negócios, agência de promoção da Prefeitura do Rio, é de que este ritmo seja suficiente para atingir a meta de 47 mil quartos, assinada no compromisso com o Comitê Olímpico Internacional (COI) até 2016. A demanda por quartos na cidade cresce de 5% a 7% por ano.

A agência informou que a bandeira Hyatt vai operar um empreendimento de 408 quartos na Barra da Tijuca. Está ainda prevista a construção de três hotéis da rede Windsor e de pelo menos sete da Accor. A equipe da Rio Negócios registra ainda a possibilidade de que sejam anunciados outros 3.198 quartos na cidade.

O Rio de Janeiro é hoje a cidade que tem a maior tarifa média do país. Uma diária no Rio sai, em média, por R$ 281,70, 23, ou 8% acima da cobrada pelo segundo colocado, a cidade de São Paulo, com R$ 227,50. Apesar disso, a ocupação também é a maior do país, com 78,9% em abril deste ano, bem acima dos 71,5% de São Paulo.

"Ninguém sabia ao certo quantos quartos a cidade tinha. Havia dados das associações de hotéis, que só contabilizavam o número de apartamentos de seus associados. Por isso, a primeira medida que tomamos foi, junto a Riotur, fazer uma pesquisa real e chegamos ao números", diz o diretor executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad. "Em seguida, a prefeitura criou uma lei que dá incentivos aos hotéis, fazendo o custo de construção cair 20%".

Houve isenção de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) durante as obras, de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) em compra e venda de imóveis destinados ao setor até 2012 e redução de Imposto sobre Serviços (ISS) para 0,5% até 2015 para serviços prestados para construção e reconversão em hotéis. Segundo o executivo, depois que a lei foi aprovada, em 2010, nove novos hotéis foram anunciados.

"Há uma série de redes, inclusive asiáticas, procurando terrenos para se instalar na cidade. O problema é que nas áreas de maior demanda não há espaço", diz o diretor. A própria Rio Negócios tem uma equipe de geógrafos mapeando a cidade, atrás de terrenos disponíveis. "O nosso objetivo é viabilizar a entrada de mais redes".

Para rede Accor, o Rio é, atualmente, a melhor praça do Brasil. A afirmação é de Abel Castro, diretor de desenvolvimento de novos negócios do grupo no Brasil. Além dos sete hotéis já anunciados, a empresa planeja mais quatro, dois deles no Shopping Nova América, em Del Castilho, Zona Norte, e um em Botafogo. O quarto ainda está sendo negociado e provavelmente será no Centro da cidade. "Independentemente de Olimpíadas e Copa do Mundo, já tínhamos decidido investir forte no Rio. É uma cidade em que a oferta está reduzida e a demanda não para de crescer", explica o diretor da Accor. Das marcas já anunciadas, serão seis Ibis, dois Novotel e um Mercure.

"A demanda no Rio só cresce e nossa aposta é que se manterá porque aqui estão empresas como Petrobras e Vale. Além disso, ainda há muito crescimento por conta do polo petroquímico de Itaboraí e a siderúrgica de Itaguaí". O executivo da Accor destaca que todos querem ficar na capital.

Castro reconhece que a forte demanda imobiliária no Rio está fazendo os terrenos ficarem caros. "Mesmo onde ainda há terrenos, como na Barra, os preços estão altos". Mas revela que, como o grupo está há 35 anos no mercado do Rio, consegue praticar margem de lucro menor — mesmo assim, ela é 22% maior do que a de São Paulo.

Depois da inauguração do Pullman (bandeira para hóspedes de 30 a 60 anos, viajando a negócios), em São Paulo, o grupo planeja trazer a marca para o Rio. "Faz todo sentido. E na cidade há pouquíssimas opções para este público".

Rafael Guaspari, presidente da Atlantica Hotels, concorda que há carência de hospedagem na cidade e que o mercado está muito atrativo. Mas revela que o sonho de todo investidor é estar na Zona Sul ou no máximo no Centro e não na Barra da Tijuca. "Dinheiro não falta. O que faltam são terrenos". Para fugir disso, a empresa investe em hotéis fora do Centro. Fará três na Baixada Fluminense, dois em Duque de Caxias e um em São João de Meriti e três na grande Niterói, um em Itaguaí e dois em Itaboraí. "Nosso objetivo é ficar mais próximo dos polos de crescimento industrial do petróleo".

(Paola de Moura | Valor)

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