Plata Capital lançará R$ 600 milhões

Marcelo Paracchini e Fabio Tsubouchi sonhavam em ter a própria empresa. Em janeiro, conquistaram o que Paracchini chama de alforria: saíram da Veremonte Participações, do espanhol Enrique Bañuelos, e constituíram a Plata Capital Partners, empresa incorporadora imobiliária e gestora de private equity. "Desde que começaram a circular os rumores da nossa independência, o telefone não parou de tocar", conta Tsubouchi, ao comentar sobre o interesse de potenciais parceiros e clientes dos serviços da Plata Capital. Os executivos não revelam o valor do aporte de capital que deu o pontapé inicial à criação da empresa.

Na vertente imobiliária, a projeção é que os lançamentos alcancem patamar de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em 2012, nos segmentos industrial, de escritórios comerciais, shopping centers e hotéis. A Plata Capital tem conversas em curso para a aquisição de três terrenos nas proximidades do Rodoanel da cidade de São Paulo, onde podem ser desenvolvidos projetos construídos sob medida (”build to suit”). No Rio de Janeiro, a empresa negocia compra de projeto corporativo e de área para empreendimento industrial. Na Baixada Santista, o alvo são em terrenos e oportunidades de retrofit (reconstrução).
 
O segmento de loteamentos, conhecido pelas margens elevadas, também interessa à Plata Capital, que está negociando aquisição de parte de uma empresa do segmento, cujo nome não é revelado. Existem opções de compras de terrenos e algumas áreas já adquiridas que vão possibilitar desenvolvimento conjunto de 20 loteamentos pelas duas empresas, com lançamentos totais de R$ 2,34 bilhões, com parcela da Plata Capital de R$ 1,075 bilhão.
 
No ramo imobiliário, além de incorporadora, a Plata quer ser gestora de investimentos estruturados, como fundos de investimento imobiliários (FIIs) e fundos de investimentos em participações (FIPs), com lastro em empreendimentos corporativo, de hotéis e loteamentos. "Hoje, faltam, no mercado, produtos do setor imobiliário para investimento", conta Paracchini. Entre possíveis investimentos estruturados, a empresa avalia a securitização, por meio de fundo, dos recebíveis dos lotes a serem desenvolvidos e vendidos.
 
No braço de private equity, a Plata Capital está atenta a setores não consolidados. A prioridade é comprar participações em empresas com faturamento de R$ 100 milhões a R$ 200 milhões. O modelo prevê a aquisição do controle de uma empresa e, a partir daí, consolidação de mais duas ou três do setor para venda futura da parcela da Plata, que pode ocorrer por meio da abertura de capital. Numa mescla da área de private equity com a de incorporação, a Plata pode propor soluções para empresas com problemas de caixa pela negociação de ativos imobiliários.

Para a compra de participações em incorporadoras, os sócios-fundadores pretendem levar a experiência adquirida nos processos de aquisição, pela Veremonte e pela Agra Incorporadora, da Abyara e da Klabin Segall. Paracchini passou quatro anos na Veremonte Participações, da qual saiu como presidente. Tsubouch fez parte dos quadros da Agra e ficou três anos na Veremonte Participações, onde ocupou os cargos de diretor financeiro e de investimentos, e foi presidente da Veremonte Real Estate. Os dois participaram também da criação da Agre, formada pela junção de Agra, Abyara e Klabin Segall.
 
Os executivos mudaram de empresa, mas continuaram no mesmo endereço – o escritório da avenida Faria Lima, na zona Sul de São Paulo, antes ocupado pela Veremonte Participações. Praticamente toda a equipe de antigos colaboradores da Veremonte também foi herdada pela Plata Capital.

Segundo os executivos, a relação com Bañuelos está mantida e, por um acordo de cavalheiros, serão oferecidas ao espanhol parcerias nas oportunidades de negócios tanto imobiliários quanto de private equity.

Paracchini diz que não havia grandes divergências com Bañuelos, mas que a autonomia agora é maior. Entre as diferenças de atuação da nova empresa, está o modelo adotado pela gestora de private equity de consolidação setorial. O formato não interessava à Veremonte, conforme Tsubouchi, pois sua execução demanda "muita disponibilidade de tempo". No momento, sete oportunidades estão sendo avaliadas em diversos setores. Em duas delas, a operação de compra do controle está em due dilligence (auditoria de dados).

Depois que vendeu a Agre para a PDG Realty, no primeiro semestre de 2010, Bañuelos continuou a atuar no mercado imobiliário, no Brasil, mas deixou de ter, no setor, a visibilidade conquistada na época da aquisição da Abyara e da Klabin Segall. Após o negócio com a PDG, o espanhol desenvolveu galpões, projetos sob medida e comercializou, por R$ 100 milhões, edifício para a Petros. Com a saída de Paracchini, a Veremonte Participações ficou sem presidente no Brasil.

(Chiara Quintão | Valor)

 

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