Setubal diz que Itaú Unibanco subsidia operações da Redecard

O fim da exclusividade da operação da bandeira Mastercard tirou da Redecard seu maior ativo, afirmou nesta segunda-feira o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, em teleconferência com investidores e analistas.
 
De acordo com ele, nas condições atuais, o Itaú subsidia as operações da Redecard. “O nível de capital da Redecard é insuficiente. Existe por trás um controlador, que está garantindo a Redecard. Isso gera uma situação conflituosa, já que o banco garante a transação da Redecard e todos os volumes que ela negocia hoje.”
 
Segundo o executivo, a mudança no ambiente competitivo com a quebra do monopólio da operação de bandeiras, ocorrida em 2010, foi o principal fator que levou à decisão de fechar o capital da subsidiária do setor de credenciamento de cartões.
 
“Novos competidores devem entrar nesse mercado e as margens diminuirão. A parceria com bancos será cada vez mais relevante”, afirmou.
 
A respeito da relação comercial entre Itaú e Redecard, Setubal se limitou a dizer que as condições são mais favoráveis do que as praticadas com outros bancos, sem citar números.
 
E deixou claro que, caso a oferta para tirar a companhia na bolsa não tenha sucesso, essa relação será revista, e pode culminar com a saída do Itaú do negócio – hoje, o banco é o controlador da Redecard com 50,1% das ações.
 
“Se os acionistas quiserem continuar como acionistas, tudo bem, mas nos sentiremos mais livres para tomar o caminho que quisermos tomar”, enfatizou.
 
No caso de fracasso da oferta para fechar o capital da Redecard, Setubal afirmou que o Itaú pode reconstruir sua operação no setor de adquirência de cartões a partir da Hipercard, bandeira de cartões hoje 100% detida pelo banco.
 
“É um processo que demoraria mais tempo, mas estamos decididos a verticalizar o business. Ou fechamos a companhia para capturar aquilo que entendemos que agregamos à cadeia de valor da empresa, ou vamos procurar outras alternativas”.
 
Outra razão para o fechamento de capital da companhia, segundo Setubal, foi a oferta mais integrada de produtos, já mencionada por ele em fevereiro, quando a operação foi anunciada.
 
O executivo afirmou que acredita no potencial de crescimento do volume de transações. Mas será necessário integrar a oferta de serviços bancários à gama de produtos oferecidos pela Redecard para evitar “comoditização” e garantir margens.
 
(Natalia Viri | Valor)

+ posts

Share this post