Shimano prevê dobrar receitas na AL em 5 anos

A Shimano, maior fornecedora mundial de componentes para bicicletas, pretende dobrar o tamanho de suas operação na América Latina dentro de cinco anos. A meta, conforme o presidente da subsidiária na região, Fabio Takayanagi, é chegar à casa dos US$ 90 milhões em receitas até 2015. No ano passado, o faturamento no mercado latino-americano, com destaque para os negócios no Brasil, totalizaram US$ 45 milhões. No mesmo período, a Shimano faturou globalmente US$ 2,5 bilhões.

Aos 90 anos, a marca japonesa, que se tornou sinônimo de câmbio e é hoje uma das principais grifes do ciclismo, estima responder por cerca de 70% do mercado mundial de peças para bicicletas. No Brasil, a participação também é elevada e chamou a atenção da companhia a mudança de hábito do consumidor, que tem ampliado os desembolsos com produtos mais sofisticados e acessórios. "O consumidor está mudando. A bicicleta começa a fazer parte da rotina e o investimento, seja no produto ou em ciclofaixas, tem crescido", diz.

É justamente a maior penetração das bicicletas no Brasil, seguido por Argentina e Colômbia, que alimenta as projeções ambiciosas da Shimano para os negócios na região. No país, a aposta do grupo ganhou fôlego em maio de 2009, quando a Shimano Latin America assumiu 100% da operação nacional. Antes disso, a italiana Brazil International Commerce (BIC) respondia pelo suporte, garantia e informações acerca dos componentes vendidos no mercado local.

Naquele ano, a indústria brasileira de bicicletas era a terceira maior em volume no mundo, com 5,3 milhões de unidades ou 4% do total produzido, atrás de China e Índia. Em consumo, ocupava a quinta posição, superada por China, Estados Unidos, Japão e Índia. A expectativa é a de que em 2010 o volume produzido tenha se mantido estável, com crescimento das importações, de 190 mil unidades em 2009 para 255 mil unidades. "Vamos aumentar a oferta de produtos mais sofisticados no Brasil", avisa Takayanagi.

Fabricar peças localmente, todavia, ainda não faz parte dos planos da companhia japonesa. Hoje, todos os itens do portfólio – a Shimano somente não faz quadros e suspensão – saem de 15 fábricas instaladas no Japão, China, Cingapura, Malásia, Indonésia, Camboja, República Tcheca e Estados Unidos. "No médio prazo talvez exista alguma decisão sobre o assunto. Neste momento, não há planos de produzir na América do Sul".

Apesar de jogar a decisão sobre uma fábrica local para o futuro, Takayanagi acredita que o país tem condições de se tornar um "player" global. Está na pauta da Abraciclo a discussão sobre a constituição de um cluster de bicicletas na Zona Franca de Manaus, onde se instalariam montadoras e fornecedores de componentes. "A vantagem do país é ter um amplo mercado interno, o que já confere escala aos fabricantes", avalia o executivo.

A Shimano comercializa seus produtos no país por meio de uma rede de distribuidores que atende 15 mil lojas. Na América Latina, 80% das vendas correspondem ao mercado de reposição – a diferença vai para montadoras de bicicletas. Mundialmente, 70% das receitas são provenientes de vendas às fabricantes. "Na América Latina, há muitas vendas indiretas. São peças que chegam nas bicicletas já montadas que são importadas", explica.

Além do crescimento orgânico, a Shimano aposta na maior aproximação com o consumidor brasileiro para impulsionar vendas, com mais ações de marketing (Shimano Fest, em Mogi das Cruzes-SP). Essa será a primeira vez que o Brasil recebe a final do circuito Shimano Short Track.

(Stella Fontes | Valor)

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