Smiths Detection faz aquisição e instala-se no Brasil

A companhia inglesa de segurança Smiths Detection é uma daquelas empresas da qual pouca gente ouviu falar, mas que faz parte da vida de quase todo mundo. Quem passa por aeroportos do Brasil e do mundo, por exemplo, certamente já teve sua bagagem verificada, ou passou por um raio X fabricado pela companhia. Muitos dos contêineres que chegam e saem de portos dos Estados Unidos, Europa e Ásia também passam por máquinas da Smiths Detection para verificação de seu conteúdo.

Mas se até agora a companhia passava despercebida, nos próximos meses a situação pode mudar com a criação de uma operação direta no Brasil. Os planos não preveem, exatamente, tornar a companhia conhecida do grande público, mas sim ampliar sua presença em grandes eventos e em instalações como presídios, portos e aeroportos, no Exército e até no setor privado.
 
O desembarque no país acontece com a aquisição da EBCO Systems, companhia que distribuia os produtos da Smiths Detection no país há mais de uma década. O valor da operação não foi revelado. A companhia inglesa herdou do antigo parceiro 60 funcionários e escritórios em São Paulo, Brasília, Rio e Fortaleza. De acordo com Danilo Dias, contratado para presidir a companhia no Brasil, estão sendo contratados profissionais para as áreas de vendas e administração.

Segundo Dias, em período de cinco anos o escritório brasileiro poderá representar entre 5% e 10% do faturamento global da companhia. A Smiths Detection faz parte do grupo Smiths, que também atua nas áreas médica, de componentes eletrônicos, petróleo e gás, e aerospacial, entre outras. O grupo registrou faturamento de 2,8 bilhões de libras no ano fiscal fechado em julho de 2011. A Smiths Detection teve um faturamento de 510 milhões libras no mesmo período.
 
Entre seus produtos, a companhia tem máquinas de raio X, detectores de metal e de substâncias químicas, além de scanners de corpo inteiro, que permitem "ver" através da roupa dos passageiros em aeroportos. Essas máquinas causaram polêmica há dois anos, quando começaram a ser adotadas nos Estados Unidos. A reclamação era que elas expunham as partes íntimas dos passageiros. De acordo com Dias, a Smiths Detection desenvolveu uma tecnologia que preserva a privacidade das pessoas. "O equipamento faz a verificação, mas o agente de segurança não vê exatamente o que está debaixo das roupas", diz.
 
Entre as oportunidades no mercado brasileiro, Dias destaca a segurança para grandes eventos como a Copa, a Olimpíada, o encontro sobre o meio ambiente Rio+20 e até a visita do papa. O executivo destaca também exigências legais.
 
Até meados do ano que vem, todos os 40 portos brasileiros que recebem mercadorias vindas de outros países terão que ter equipamentos de raio X de contêineres para verificar se o conteúdo equivale ao que foi declarado pelo importador. A estimativa é de que essa imposição gere uma demanda que pode chegar a 160 equipamentos. Cada projeto de instalação desses equipamentos custa cerca de US$ 3 milhões, diz Dias.

Outro mercado interessante na avaliação do executivo é o de presídios. De acordo com ele, o país tem mil estabelecimentos desse tipo, mas apenas 300 fazem sua segurança interna com equipamentos de raio X.
 
Para atender o mercado, o executivo não descarta a possibilidade de fabricar equipamentos no Brasil. O projeto dependerá, no entanto, da demanda e das exigências de produção local que forem feitas pelo governo em projetos ligados a órgãos públicos.

(Gustavo Brigatto | Valor)

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