TNK-BP está prestes a comprar 45% da HRT

As negociações entre a HRT e a anglo-russa TNK-BP avançaram no início da noite de ontem, chegando a um consenso em um dos pontos pendentes para fechamento da operação de compra de 45% das ações da petrolífera brasileira. Um dos entraves envolvia uma cláusula que permite o aumento da participação da TNK-BP na operação da HRT futuro com aquisição de lote adicional de ações, o que a tornaria virtualmente a operadora dos 21 blocos da HRT na bacia do Solimões.

Ter a companhia brasileira como operadora sempre foi um ponto de honra para Márcio Melo, sócio fundador da HRT, que gostaria de manter a parte brasileira da sociedade à frente das decisões. O Valor apurou que um acordo permitirá que a TNK-BP passa a comandar a área de desenvolvimento da produção da HRT na Amazônia, o que dá controle sobre os investimentos.

Outro ponto envolve a Petra Energia, que era dona dessa participação e está saindo da empresa. A Petra negocia com HRT participação nos ganhos futuros da HRT caso haja sucesso da campanha exploratória de seus ativos.

O fechamento da operação por US$ 1,05 bilhão, com pagamento em duas parcelas, era esperado para ontem e não tinha sido anunciado até o fechamento dessa edição. A operação tem de atender os interesses tanto de HRT, que exerceu direito de compra dos 45% em maio por R$ 1,29 bilhão, quanto da Petra, que quer se apoderar da diferença (US$ 204,3 milhões) e garantir ganhos adicionais no futuro sobre novas descobertas na área.

Uma coisa parece certa no mercado: se a TNK-BP não entrar na HRT as ações da companhia brasileira podem cair, pois ela terá usado seu caixa para quitar o negócio com a Petra sem contar com a entrada de dinheiro novo e ir ao mercado em busca de um novo sócio. A HRT tem pela frente um programa de investimentos de US$ 12 bilhões (no caso de sucesso exploratório que leve a novos investimentos em logística de escoamento), sendo US$ 3,2 bilhões até 2014.

A TNK-BP é 50% controlada pela petrolífera inglesa BP e 50% pela holding AAR, que tem o comando compartilhado por três megaempresários russos e administra US$ 35 bilhões em ativos. A companhia é a terceira maior petrolífera da Rússia, com produção de 1,78 milhão de barris ao dia.

Em relatório para clientes do Credit Suisse, o analista Emerson Leite atribuiu a volatilidade das ações da HRT, que caíram 10% entre sexta (dia 21) e segunda-feira (24), às notícias de saída de Maxim Barskiy, vice-presidente do conselho da TNK-BP. Ele deixará a companhia dia 1º de novembro e foi responsável por grande parte das negociações com a HRT. Mas ele lembra que uma das grandes forças condutoras da internacionalização da petrolífera é Mikhail Fridman, um dos principais acionistas (ele controla o Alfa Group) e que se manterá na presidência executiva da companhia até 2013. Ontem, as ações da HRT fecharam com alta de 5%, o que ajudou a reverter a queda acumulada entre os dias 21 e 24. Entre o dia 21 e ontem, os papéis acumularam alta de 2,46%.

(Cláudia Schüffner | Valor)

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