Facebook contrata Hohagen para enfrentar o Google no Brasil

O domínio do Google sobre as redes sociais no Brasil pode estar com seus dias contados.  A contratação de Alexandre Hohagen, ex-presidente do Google para a América Latina, marca uma guinada da empresa de Mark Zuckerberg. Munido de uma equipe e do cargo de vice-presidente comercial, Hohagen terá a missão de combater o orkut, controlado pelo Google, em um de seus maiores mercados: o Brasil. “O Google é forte em várias áreas da internet, mas apenas aqui domina as redes sociais com o Orkut. Agora pode ter sua hegemonia ameaçada com a chegada do Facebook”, diz afirma José Calazans, analista do Ibope.

O desembarque da maior rede social do mundo é resultado do expressivo crescimento que ela apresenta por aqui. De acordo com dados da ComScore, o Facebook cresceu 258%, enquanto que o orkut cresceu apenas 28% em 2010. Assim a distância entre elas vai diminuindo. Hoje, o orkut conta com 32 milhões de usuários no país, contra 12 milhões do Facebook (no mundo, a de Zuckerberg tem 500 milhões).

“As redes sociais devem ser o principal investimento para qualquer empresa de internet”, afirma Calazans. “É o principal motivo que faz as pessoas se conectarem.” Prova disso são os números. Em dezembro, 37 milhões de brasileiros acessaram redes sociais — é o equivalente a 85% do total de internautas. Aliás, o internauta brasileiro ocupa a terceira posição entre os que mais passam tempo conectados, com 24,3 horas mensais, atrás dos argentinos e peruanos. Mas como o mercado dos vizinhos latinos é menor, o Brasil se torna mais atraente.

Para os negócios, a matemática é simples: mais audiência, mais publicidade. No mundo, as receitas com publicidade do Google saltaram de 22 bilhões de dólares em 2009 para quase 29 bilhões no ano passado (a empresa não divulga o faturamento do Brasil, nem do Orkut sozinho). Em 2010, a receita do Facebook com publicidade foi de 1,86 bilhão de dólares, contra 740 milhões de dólares no ano anterior. A chegada ao Brasil pode elevar esses valores. “O Google tem de ficar atento aos serviços que os internautas buscam para atualizar seus produtos, como aplicativos para plataformas móveis. Assim, evita uma fuga de usuários”, diz Calazans.

Diversidade a favor, mas não por muito tempo – Apesar do acelerado crescimento do Facebook, o Google tem a seu favor a diversidade de serviços, mas não por muito tempo. Além de ser o maior buscador da internet, a empresa tem também o YouTube e o Gmail, por exemplo. O Facebook, que nasceu essencialmente apenas como uma rede para conectar pessoas, já deu sinais de que quer uma diversificação também. Em janeiro, anunciou o serviço Buy with Friends (Compre com amigos, em inglês), que seria seu site de compras coletivas. O serviço, no entanto, ainda é restrito para alguns jogos de usuários americanos. O Google também tentou ingressar no setor quando fez uma oferta pelo site Groupon.

Quem vai liderar o Facebook no Brasil – Não bastasse a notícia da chegada do Facebook ao Brasil, a rede ainda aterrissa no país com um executivo que trabalha na rival Google. Alexandre Hohagen inicia no Facebook após trabalhar na criação e gestão do Google na América Latina por quase seis anos. Atuou como gerente geral do Google Brasil e, em seguida, como vice-presidente da empresa na América Latina. “A equipe do Facebook na América Latina será capaz de ajudar as empresas a navegar por esta rede de alcance e engajamento sem precedentes e criar campanhas que impactarão seus negócios de maneira significativa”, afirmou em comunicado. Zuckerberg deve ganhar mais um amigo no Facebook, mas não se sabe ainda se os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page, vão manter a amizade com Hohagen no orkut.

(Portal Exame)

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