Beneficência inaugura hospital só para SUS

A Beneficência Portuguesa, administrada pela família Ermírio de Moraes há mais de 40 anos, inaugura hoje um hospital, na zona leste de São Paulo, destinado a atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os procedimentos médicos de baixa e média complexidades que atualmente são realizados no hospital São Joaquim, mais conhecido como Beneficência Portuguesa, vão migrar para esse novo hospital batizado de Santo Antônio.

Assim, a Beneficência Portuguesa torna-se um grupo com três hospitais: Santo Antônio, São Joaquim e São José – voltados para as classes baixa, média e alta, respectivamente.

Com a inauguração, o São Joaquim passa a atender os casos de alta complexidade do SUS e, principalmente, os pacientes com planos de saúde, que remuneram mais do que o governo. Hoje, apenas 20% do faturamento da Beneficência Portuguesa é proveniente do SUS e o restante é dos convênios médicos. Mas levando-se em consideração o volume, a situação é inversa. Do total de 1,6 milhão de atendimentos realizados no ano passado, 65% foram SUS.
 
Hoje, a legislação determina que para ser filantrópico o hospital precisa destinar pelo menos 50% de suas internações e 10% de seus atendimentos ambulatoriais para o Sistema Único de Saúde.

Mas para os filantrópicos Albert Einstein, Sírio-Libanês, Samaritano, Alemão Oswaldo Cruz, HCor e Moinhos de Vento a regra é diferente. Esses hospitais investem em ações de capacitação, gestão, tecnologia, pesquisa e investimentos em áreas de alta complexidade na saúde pública. Essa é a contrapartida da renúncia fiscal desses seis hospitais que, entre 2009 e 2012, soma aproximadamente R$ 680 milhões.

A inauguração de um hospital só para SUS, cujo investimento é de R$ 17 milhões, é mais uma iniciativa da Beneficência Portuguesa para aumentar seu faturamento por meio do pagamento dos planos de saúde e cobrir o déficit do repasse do governo. O SUS cobre apenas 40% dos custos médicos. "Entre 2008 e 2009, iniciamos uma profunda reestruturação, com investimento de R$ 160 milhões, para melhorar nosso desempenho financeiro", disse Luiz Koiti, superintendente-geral da Beneficência Portuguesa.

Entre essas ações estão a modernização das instalações do São Joaquim, para atender os clientes de convênios médicos, e a contratação de executivos de mercado, que desde 2009 são liderados por Rubens de Moraes, filho caçula de Antonio Ermírio de Moraes.

Nesse período, houve também a inauguração do São José, hospital especializado em oncologia e que conta com uma equipe de médicos ”medalhões” como Carlos Buzaid, Riad Younes e Fernando Maluf, todos ex-Sírio-Libanês.

O resultado dessa reestruturação já aparece no balanço da Beneficência. No ano passado, o grupo hospitalar teve superávit de R$ 23 milhões e com isso reverteu o movimento de queda desse resultado, com exceção do ano de 2009, quando o hospital vendeu um imóvel (levando o superávir para R$ 61,4 milhões). "Conseguimos aumentar o faturamento em R$ 100 milhões devido ao maior número de pacientes com planos de saúde e uma gestão mais eficiente", disse Koiti.

(Beth Koike | Valor)

 

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