BNDES garante plano de expansão da Mercedes

O aquecimento do mercado de caminhões nos três últimos meses de 2009 e as previsões de vendas ainda melhores em 2010 levaram a Mercedes-Benz a procurar o BNDES para negociar um financiamento que viabilize os investimentos no país. O novo programa de expansão deverá ser anunciado no fim do mês.

A diretoria do banco anunciou a aprovação de financiamento de R$ 1,2 bilhão para a Mercedes. Segundo a instituição, os recursos serão usados para ampliar a capacidade da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e também no desenvolvimento de produtos. A direção da Mercedes confirmou a negociação com o BNDES, mas não quis fornecer detalhes.

Além da volta da demanda interna, a crise na Europa faz a indústria automobilística prestar mais atenção no Brasil. Com a queda das vendas na Alemanha, em 2009 a filial brasileira da Mercedes passou à frente da matriz em volume de produção, num total de 67 mil veículos.

O novo investimento da Mercedes reforçará o programa de R$ 1,5 bilhão, anunciado em 2007, já prevendo aumento de capacidade. Investir mais no Brasil é estratégico para o grupo Daimler, dono da marca Mercedes, que busca manter-se como o maior produtor de caminhões do mundo. Além disso, a marca prepara-se para enfrentar a concorrência da MAN (ex-Volkswagen Caminhões), líder do mercado brasileiro de caminhões.

Em dezembro, a Mercedes anunciou a contratação de 300 trabalhadores, que somaram 1,6 mil novas vagas em 2009, entre operários fixos e temporários. Com 11,5 mil funcionários, a Mercedes já emprega mais no Brasil do que na Alemanha. O novo programa de investimentos da fabricante de caminhões e ônibus se soma aos das montadoras de carros General Motors, Ford e Volkswagen, que recentemente anunciaram mais recursos para ampliar a produção.

A indústria de caminhões enfrentou dificuldades durante a maior parte de 2009, num reflexo da crise do fim de 2008. Mas a demanda voltou a crescer no último trimestre, principalmente em dezembro, quando foram licenciados no país 12,7 mil veículos. O volume, maior total mensal do ano, dobrou em comparação ao início de 2009.

A Federação da Distribuição de Veículos (Fenabrave) calculou ontem um avanço de 13,5% nas vendas de caminhões no país em 2010, num total de 123,8 mil unidades. O percentual de crescimento para caminhões supera o índice de 9,73% projetado pela entidade para as vendas de automóveis e comerciais leves.

O mercado de automóveis reagiu mais rapidamente aos incentivos do governo, que, no fim de 2008, injetou recursos para financiamento e reduziu o IPI. No caso dos caminhões, a reação começou no segundo semestre, depois que o governo reduziu a taxa de juros do Finame, do BNDES, a linha de crédito mais utilizada pelas transportadoras. Os representantes da indústria sempre destacam, porém, que o verdadeiro impulso das vendas veio com o aquecimento econômico.

(Marli Olmos – Valor Econômico)
 

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