O BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê levar neste ano cinco empresas ao Bovespa Mais, segmento da BM&FBovespa de acesso ao mercado acionário para companhias de médio porte.
A expectativa baseia-se nas condições recentes mais rígidas impostas pelo banco de fomento para investimentos em empresas de capital fechado, com foco nos setores de energias renováveis, óleo e gás, tecnologia da informação, biotecnologia e a chamada química verde, consideradas estratégicas pelo governo.
“Nossa meta é listar cinco empresas este ano”, disse nesta quarta-feira à Reuters o superintendente de capital empreendedor do BNDESPar, Luiz Souto.
Em 2012, o BNDESPar empenhou cerca de 2,5 bilhões de reais na compra de participação de empresas de médio porte. Para este ano, a expectativa é do uso de mais 2,2 bilhões de reais, que podem ser aplicados na compra de fatias de até dez companhias.
O BNDESPar normalmente entra como sócio minoritário e a condição para o aporte é o compromisso de a empresa apoiada de se listar no Bovespa Mais no período de até dois anos.
“O prazo para listagem obrigatória encurtou”, disse Souto. Antes não havia uma regra geral, com os prazos para listagem podendo chegar a sete anos.
Criado pela bolsa paulista em 2005, o Bovespa Mais jamais decolou como canal de acesso de empresas menores ao mercado acionário. Muitas preferiram esperar crescer um pouco mais para empreender ofertas na casa das centenas de milhões de reais e entrar logo no Novo Mercado da bolsa. Atualmente, o segmento tem apenas três listadas: Nutriplant, Desenvix Energias Renováveis e Senior Solution.
Uma quarta, a Biomm, hoje presente no mercado tradicional, aprovou recentemente a migração para o Bovespa Mais, numa espécie de recomeço para ganhar visibilidade e liquidez que, segundo a BM&FBovespa pode ganhar adeptos em breve.
Para evitar que o esforço naufrague num mercado volátil que tem deixado pelo caminho várias empresas que pretendiam estrear na bolsa –caso de Vix Logística e Nova Cedae, que este mês suspenderam suas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês)–, o BNDESPar sinaliza a potenciais investidores ser um comprador nas ofertas.
“O BNDES pode encarteirar parte da oferta, comprar 20, 30 por cento da operação e o mercado toma o resto”, disse Souto.
A ideia é que investidores institucionais, como fundos de pensão, family offices e fundos de private equity substituam os estrangeiros, principais tomadores das ofertas das cerca de 150 empresas que estrearam na Bovespa desde 2004.
A criação de condições para ofertas de empresas de menor porte, com operações de até 100 milhões de reais, ganhou fôlego no ano passado com a formação de um grupo de trabalho do qual participam BM&FBovespa, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Finep e o próprio BNDESPar.
Nas próximas semanas, a Bovespa deve sediar um evento desenhado para ser uma espécie de relançamento do Bovespa Mais.
Entre as empresas que receberam aportes recentemente pelo BNDESPAr, está a fabricante de etanol de segunda geração GraalBio, na qual o banco de fomento anunciou na segunda-feira a subscrição de 600 milhões de reais em ações.
Em novembro passado, a instituição anunciara aporte de 122 milhões de reais por 25 por cento da Oceana Offshore, empresa pré-operacional de navegação.
Em julho de 2012, outros 28,9 milhões de reais haviam sido desembolsados para compra de 16 por cento da farmacêutica Recepta Biopharma. Meses antes, a CAB Ambiental, companhia de saneamento do Grupo Galvão, recebeu 120 milhões de reais por 33,4 por cento do capital ao BNDESPar.
Simultaneamente, algumas companhias investidas há mais tempo pelo banco de fomento também vêm se movimentando, mas em direção ao mercado acionário tradicional. A fabricante de softwares Linx está perto de concluir seu IPO no Novo Mercado, que pode movimentar mais de 500 milhões de reais.
A produtora de papel-cartão Ibema, da qual o BNDESPar tem 15,8 por cento do capital, já pediu registro de companhia aberta e pode realizar uma oferta nos próximos meses.
(Fusões e Aquisições)