Boom imobiliário chega às casas de praia

As praias brasileiras, além de mais bonitas que muitos destinos internacionais badalados, ficaram mais caras. Segundo Celso Pinto, diretor executivo da filial paulista da Sotheby’s – multinacional especializada na venda de imóveis de alto padrão -, o metro quadrado de uma casa à beira-mar custa, hoje, de R$ 12 mil a R$ 15 mil. Esses valores chegam a ser 60% maiores do que os praticados em Palm Beach, na Flórida, ou nas praias de Cascais, em Lisboa. “Os preços mudaram muito”, avalia Pinto. Há três anos, a relação de preços era exatamente a contrária: eram as casas fincadas na costa brasileira que custavam menos que a metade, quando comparadas a essas localidades.

Nessa gangorra nos preços está, de um lado, a crise internacional de 2008, que pegou em cheio os Estados Unidos e os países da Europa. Como as economias desaceleraram, observa Pinto, os imóveis perderam valor. Na outra ponta da gangorra estão dois fatores que impulsionaram a subida dos preços dos imóveis em terras brasileiras: a valorização do real frente ao dólar e o aumento na oferta de crédito.

Na Coelho da Fonseca – imobiliária que representa a Christie’s, outra multinacional especializada em imóveis de alto luxo -, metade das casas com esse perfil é vendida, hoje, por meio de financiamento. Fernando Sita, diretor geral de vendas da Coelho da Fonseca, explica que, três anos atrás, praticamente todos os imóveis de alto padrão eram comprados à vista. “O cenário atual é muito diferente”, compara.

O mercado de “segundo imóvel”, jargão que os profissionais do segmento utilizam para se referir ao nicho de casas na praia ou no campo, vem se expandindo no Brasil, mesmo com a alta nos preços. Não há números consolidados, mas estima-se que essas propriedades já respondam por cerca de 20% das vendas do setor. “É o grande produto do momento”, acredita Sita.

Casas em condomínios fechados, com infraestrutura de segurança e lazer, são as preferidas. “As pessoas buscam soluções, não problemas”, pontua Sita. Algumas localidades da costa brasileira têm ganhado destaque nesse segmento de alto luxo. Na região Sul, estão no radar as cidades de Camboriú, Porto Belo e Florianópolis, em Santa Catarina, de acordo com Pinto, da Sotheby’s.

No Sudeste, as praias de São Sebastião e Ilhabela, em São Paulo, são as mais procuradas, assim como as famosas areias de Paraty, Búzios e Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Subindo para o Nordeste, a praia de Trancoso, na Bahia, é apontada como a “Saint Tropez brasileira”, de acordo com Pinto, ao comparar a infraestrutura de serviços e entretenimento da cidade ao requintado ponto turístico do litoral da França.

A expansão desse nicho imobiliário, em um país continental como o Brasil, com 7.367 mil quilômetros de costa, ocorre nos estilos das construções de cada localidade. Pinto, da Sotheby’s, tem observado que, enquanto no Sul as construções ganham linhas mais modernas, utilizando vidro, mármores e metais, as casas do Nordeste cada vez mais adotam o “estilo Bali”, com o uso predominante da madeira. No Sudeste, cravado entre as duas regiões, ambos estilos se misturam. “A segunda residência é a casa dos sonhos”, define. 

(Soraia Duarte l iG)

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