Braço imobiliário da Queiroz Galvão cresce em São Paulo

Perto dos 90 anos, Antônio Queiroz Galvão, patriarca e presidente do conselho do grupo que atua na construção pesada, óleo e gás, alimentos e siderurgia, ligou para São Paulo esta semana, preocupado. Queria saber como estava a "temperatura" do empreendimento comercial que o braço imobiliário da Queiroz Galvão lança amanhã no bairro do Morumbi. O projeto, com valor geral de vendas de R$ 90 milhões, marca a estreia da empresa no segmento de escritórios na cidade.

"Temperatura", no jargão do mercado, é a impressão passada pelos corretores aos incorporadores de como devem ser as vendas de um lançamento. A expectativa da empresa é grande. O braço de desenvolvimento imobiliário da Queiroz Galvão está investindo em São Paulo para transformar a cidade na sua principal plataforma.

Fortes em Recife – mas com presença também em Salvador e no Rio – a empresa espera atingir, até 2013, R$ 1,5 bilhão de vendas, metade disso em São Paulo, onde está desde 2004. Um plano bastante ousado, considerando-se que no ano passado a empresa vendeu, no país todo, R$ 204 milhões. Neste ano, a meta é atingir R$ 500 milhões. A Queiroz Galvão acaba de abrir um escritório em Campinas para ampliar sua atuação na região, sobretudo no segmento popular. A empresa possui um empreendimento de casas de médio padrão em Jundiaí e na capital paulista atua, principalmente, no alto padrão com edifícios entregues no Itaim, Campo Belo, Chácara Klabin e Vila Nova Conceição.

A participação do braço imobiliário no grupo ainda é pequeno, representa entre 3% e 4%. A expectativa é chegar a 10% até 2013. Até dezembro, vai lançar mais de 10 empreendimentos no país. No segundo semestre, serão dois em São Paulo e um na região de Jundiaí. "Queremos focar o nosso negócio, com projetos em todos os segmentos, no maior mercado do Brasil", afirma Carlos Coimbra, diretor da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário em São Paulo.

No segmento econômico, a companhia trabalha com a marca Slim, que atua no Minha Casa, Minha Vida (cujo teto é de R$ 130 mil) e chega a imóveis de até R$ 200 mil. Começou nesse segmento em 2006 e vendeu 2 mil unidades. Sobre a falta de experiência em trabalhar com a Caixa Econômica Federal, que é fundamental para companhias crescerem nesse mercado, Coimbra afirma que o volume que possuem já permite operar bem com o banco.

A Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário tem uma gestão independente da empreiteira. Ao contrário das concorrentes Odebrecht Realizações Imobiliárias e OAS Empreendimentos – que aproveitam as sinergias com a construção pesada, como a construção de pontes e até estádios próximas a empreendimentos – opera isoladamente. Também foge à regra quando revela que não tem intenção de atuar no segmento de zero a três salários mínimos, onde a Bairro Novo, da Odebrecht, tem forte atuação.
 
(Daniela D”Ambrosio | Valor)

 

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