Brasil concentra captação de fundos

De cada US$ 10 dólares captados por fundos de private equity – que investem na compra de participação em empresas – na América Latina no ano passado, US$ 8 vieram para o Brasil. No total, os fundos dedicados a negócios na região levantaram US$ 10,3 bilhões, alta de 27% em relação a 2010. Desse total, US$ 8,1 bilhões foram destinados ao país, de acordo com dados da Latin American Private Equity & Venture Capital Association (Lavca).
 
Apenas quatro gestoras – Gávea, Vinci, BTG Pactual e Pátria – levantaram US$ 7,3 bilhões dos recursos para aquisições no Brasil. Os fundos com atuação regional, que também podem fazer negócios no país, levantaram US$ 1,1 bilhão em 2011.
 
Mesmo com a forte entrada recente e preocupações sobre o preço dos ativos brasileiros, os recursos continuam a fluir para o país. Além de gestoras com foco em compras de empresas de médio porte, os investidores estão de olho em fundos setoriais. O BTG Pactual está em processo de captação de um fundo de infraestrutura de pelo menos R$ 3 bilhões, enquanto a GP Investimentos já investiu US$ 50 milhões no setor imobiliário, para o qual também pretende levantar um fundo.
 
Os negócios fechados pelas gestoras no país em 2011 não acompanharam o ritmo das captações. Enquanto 78% dos novos recursos para private equity vieram para o Brasil, as aquisições dos fundos representaram 64% do volume de US$ 6,5 bilhões na América Latina, segundo a Lavca.
 
As vendas de participações pelos fundos somaram US$ 10,6 bilhões, uma alta de 204% na comparação com 2010. No primeiro semestre, as gestoras aproveitaram a janela de oportunidade no mercado e ações para promover a abertura de capital de empresas do portfólio, como Arcos Dorados (Gávea), Arezzo (Tarpon) e Qualicorp (Carlyle).
 
Com a piora da crise fiscal europeia, a opção mais adotada pelos fundos de private equity para deixar as empresas e devolver o dinheiro aos cotistas foi a venda da participação a investidores estratégicos.

(Vinícius Pinheiro | Valor)