BTG Pactual faz nova aquisição e negocia com fundo em Cingapura

SÃO PAULO – Enquanto negocia a entrada do fundo soberano de Cingapura em seu capital, o banco BTG Pactual continua na sua agressiva estratégia de aquisições de empresas fora da área financeira. Cinco dias depois da compra do Hospital São Luiz, um dos maiores de São Paulo, o BTG anunciou na quarta-feira, 8, a aquisição de uma participação minoritária na Brasbunker, uma fornecedora de serviços na área de petróleo e gás.

Ao longo do último ano e meio, o BTG já investiu R$ 850 milhões em empresas dos mais variados setores. Essa quantia, informada numa apresentação para clientes do banco, não inclui a Brasbunker nem o Hospital São Luiz – a rigor, comprado pela Rede D’Or, da qual o banco é parceiro. Procurado, o BTG não quis informar quanto comprou da Brasbunker, nem quanto pagou.

As compras de empresas vieram a público junto com a negociação entre o BTG e o fundo soberano de Cingapura (GIC, em inglês), mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Cliente do banco brasileiro em vários negócios, o GIC discute fazer um aumento de capital no BTG – um projeto do banqueiro André Esteves e seus sócios, que desejam capitalizar o banco para continuar crescendo.

Com capital de US$ 2,4 bilhões, o BTG pode vir a fechar a operação com o fundo de Cingapura e, mesmo assim, abrir seu capital na bolsa brasileira mais tarde, segundo fontes que acompanham o processo.

Os sócios do banco têm dito, em conversas reservadas, que, se o capital da instituição aumentar para algo como US$ 4 bilhões, eles conseguiriam ampliar a escala mantendo o mesmo nível de qualidade. Também nesse caso, o banco foi procurado e preferiu não falar.

Empresas

A participação na Brasbunker é o lance mais recente de uma estratégia arquitetada em setembro de 2008, quando Esteves e seus sócios criaram o BTG. Eles montaram uma área exclusiva destinada à compra de empresas brasileiras e com potencial de crescimento ligado à expansão do mercado interno. Quando Esteves recomprou o Pactual, no ano seguinte, essa atuação foi acelerada.

Os sócios do BTG Pactual aplicaram dinheiro do próprio bolso e captaram recursos de clientes para usar na compra de uma rede de estacionamentos, postos de gasolina, redes de farmácias, de participações nas montadoras de veículos Mitsubishi e Suzuki e na rede de hospitais D”Or.

Nos últimos doze meses, segundo executivos do BTG disseram a clientes, eles estudaram oportunidades de negócios avaliadas em mais de US$ 2 bilhões, em áreas como saúde, portos, energia, na área imobiliária e de tecnologia da informação.

Fundos

Semanas atrás, parte desse esforço começou a ganhar sentido. Executivos da instituição começaram a levantar recursos para um fundo de private equity, cuja proposta é atingir US$ 750 milhões.

O BTG também não quis falar sobre esse fundo. Mas um prospecto distribuído entre clientes top de linha informa que o investimento mínimo no fundo, o BTG Pactual Brazil Investment Fund I LP, é de US$ 10 milhões. O BTG se compromete a entrar com US$ 250 milhões. E cita as farmácias, estacionamentos e hospitais como vitrine dos investimentos não financeiros do grupo.

(David Friedlander | O Estado de São Paulo)

 

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