Como o Credit Suisse virou líder em fusões e compras no país

Nos anúncios de fusões e aquisições, o protagonismo é das empresas que fecham negócios. Nos bastidores, contudo, os bancos de investimentos travam uma verdadeira batalha para assessorar essas transações. Em 2012, o Credit Suisse liderou essa lista com uma participação de 40% do mercado, seguido por Itaú BBA e BTG Pactual (veja ranking completo no fim da matéria).

Segundo dados da Dealogic, as 45 operações das quais o Credit participou somaram 33,6 bilhões de dólares. Foram negócios como a compra da Amil pela americana United Health, a aquisição da CCE pela Lenovo e a fusão da Azul com a Trip.

“O ano passado foi difícil no mercado de ações. Então tivemos que fazer a máquina toda dar mais resultado em fusões e aquisições”, afirmou Allan Libman, responsável pelo banco de investimentos do Credit Suisse no Brasil.

Além do dinheiro que levam por bolar o desenho financeiro das operações, instituições como o Credit ganham a perspectiva de mais negócios pela frente ao somarem mandatos no currículo. Afinal, uma companhia que procura comprar outra hoje pode ser, por exemplo, a cliente que irá fazer emissões de dívida amanhã. Se afinado com o tempo, o relacionamento tende a prover gordos proventos aos bancos.

O número de negócios fechados também aumenta o cofre das instituições em um terreno que vem se tornando cada vez mais árido. De 2004 a 2008, o mercado brasileiro viveu um boom de aberturas de capital. Os bancos de investimento surfaram na mesma euforia, assessorando a estreia de uma série de empresas na Bovespa.

A crise fez a maré virar: os negócios ficaram mais escassos, a concorrência mais acirrada e as comissões, menos polpudas. Como resultado, os bancos passaram a se engalfinhar pelas grandes transações. Não por menos, a lista de fusões e aquisições da Dealogic teve três vencedores diferentes nos últimos três anos.

Em 2011, os brasileiros BTG Pactual e Itaú BBA encabeçaram o ranking, com o Credit na longínqua 7ª colocação. Mas segundo os executivos do banco suíço, o fato de eles representarem uma butique internacional não deixou de falar alto em 2012: enquanto o mercado recuou 8% no país, movimentando 84 bilhões de dólares, o valor dos negócios assessorados pelo banco subiu 140%.

“Somos um pouco diferenciados por sermos híbridos. Temos a cultura do banco Garantia com o poder da marca e abrangência global do Credit Suisse”, afirmou Fábio Mourão, responsável pela área de fusões e aquisições. Depois de se estabelecer no país em 1990, o banco comprou o Garantia em 1998, fundado na década de 70 por Jorge Paulo Lemann.

Para este ano, o Credit mantém a expectativa de manter-se no páreo, contando com o apetite dos estrangeiros pelos negócios locais. “O tamanho do cheque que fizeram na compra da Amil, com um prêmio de quase 50% sobre o valor de mercado da companhia, mostra que ainda há muito interesse no Brasil”, completou Moura.

(Exame)

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