Enquanto as construtoras e incorporadoras ensaiam uma retomada dos lançamentos de imóveis, as corretoras imobiliárias se focam na redução de custos e regiões mais atrativas para manter o ritmo de seus negócios, além do crescimento do mercado de imóveis usados.
“Nós somos o espelho das grandes incorporadoras”, disse à Reuters o presidente da BR Brokers, Sérgio Freire, mencionando que uma melhora do ambiente de negócios para as construtoras e incorporadoras deverá se refletir nos resultados da companhia que dirige. O executivo vê uma recuperação do Valor Geral de Vendas (VGV) da empresa a partir do segundo trimestre.
Assim como a concorrente com quem disputa a liderança do setor, a Lopes também vê uma recuperação dos lançamentos nos próximos meses.
“A gente está otimista com a dinâmica de mercado sobre lançamentos, que estão levemente melhores sobre o ano passado”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Lopes, Marcello Leone.
A consultoria imobiliária deixou de atuar, no ano passado, em Goiás e no Rio Grande do Norte para se concentrar nas suas operações nas regiões Sul e Sudeste.
Em pesquisa recente, a empresa apontou que os lançamentos de imóveis no Brasil podem aumentar cerca de 7 por cento neste ano, após queda de cerca de também 7 por cento no ano passado.
Com a entrega de projetos de 2008 e passada a fase de ajuste iniciada em meados de 2011 pela maior parte das construtoras e incoporadoras do país, as empresas de construção civil podem ter deixado para trás o pior momento da readequação de suas operações para retomar o ritmo de lançamentos, que tiveram forte desaceleração em 2012.
Mas ainda assim o momento é de cautela para todo o setor. “A opção mais provável é que os lançamentos permaneçam um pouco mais lentos e os preços dos imóveis novos não voltem aos patamares anteriores. Neste caso, as consultorias imobiliárias têm que reduzir custos e ganhar muita eficiência”, disse o analista da XP Investimentos, Richard Cole.
A partir do primeiro trimestre do ano passado, a BR Brokers implementou uma redução de custos, com corte de pessoal e fechamento de lojas que não eram lucrativas.
No primeiro trimestre deste ano o esforço já mostrou uma economia nominal de 8 por cento, segundo Freire. “Ao longo deste ano, a gente parte para uma análise mais profunda do processo, de eficiência operacional”, disse.
Rio de Janeiro e São Paulo são a principal área de atuação da companhia, com 75 por cento das vendas nos últimos trimestres.
Brasília, Salvador e Curitiba ainda possuem estoques muito altos, segundo o executivo. “Essas três capitais que vão sofrer um pouco mais ao longo do ano que o resto (do País)”, afirmou, mencionando o alto nível de estoque destas cidades que anda precisa ser vendido.
USADOS
Enquanto tenta se desfazer de estoques e emplacar as vendas dos novos lançamentos, o mercado de imóveis usados, conhecido como secundário, tem mostrado avanços.
Além disso, com uma saturação natural para os lançamentos nos próximos anos, a tendência é que as vendas de imóveis usados seja responsável pela maior parte dos negócios das corretoras imobiliárias nos próximos anos.
Em julho do ano passado, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal foram os primeiros a oferecer taxas mais atrativas para os financiamento imobiliário, induzindo outras instituições bancárias a fazer o mesmo e a atrair novos clientes, especialmente no mercado de usados, na visão de Leone, da Lopes.
“A gente sentiu o consumidor vindo para o mercado de usado de maneira muito forte”, afirmou o executivo.
(Reuters)