CSN avalia aumentar participação na Usiminas

A CSN está avaliando "alternativas estratégicas" para seu investimento na Usiminas, incluindo aumento de suas participações além do nível de 10 por cento em cada classe de ação da siderúrgica rival.

A informação consta em fato relevante enviado pela CSN à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quinta-feira. No documento, a empresa também afirma que, na quarta-feira, passou a deter, direta e indiretamente, 5,03 por cento das ações ordinárias da Usiminas. Além disso, a CSN possui 4,99 por cento das ações preferenciais da Usiminas.

Duas semanas atrás, a CSN havia informado que tinha em carteira 4,99 por cento das ações preferenciais e ordinárias da Usiminas.

Para analistas, a estratégia da CSN não deveria ser entendida como um simples investimento de caixa –que no terceiro trimestre era de 11,5 bilhões de reais– no momento em que as ações da rival estão perto do patamar mínimo em um ano.

"Nossa opinião é que isso não é uma movimentação para usar o caixa de maneira mais eficiente. Essa movimentação indica que tem alguma coisa por trás, seja visar uma união com a Usiminas no futuro, seja entrar no bloco de controle da companhia", afirmou a analista Daniella Maia, da corretora Ativa.

Segundo a CSN, "a companhia não objetiva, no momento, adquirir participações superiores a 10 por cento de cada uma das classes de ações da Usiminas (…)." Porém, a empresa "está avaliando alternativas estratégicas com relação a seu investimento na Usiminas incluindo possíveis aquisições adicionais de ações superiores aos valores mencionados."

Às 14h28, as ações preferenciais da Usiminas tinham leve alta de 0,05 por cento, enquanto o Ibovespa caía 1,21 por cento e a CSN perdia 1,46 por cento. O papel ON da Usiminas tinha ganho de 0,84 por cento.

"Eventuais aquisições adicionais poderiam levar a alterações na composição do controle ou na estrutura administrativa da Usiminas", acrescentou a CSN, sem informar o valor das operações de compra das ações da rival. Procurada, a CSN não fez comentários adicionais.

MUDANÇA NO CONTROLE?
No terceiro trimestre do ano passado surgiram rumores no mercado de que dois importantes acionistas da Usiminas –Camargo Corrêa e Votorantim– estariam avaliando se desfazer das ações da siderúrgica.

Na época, o BTG Pactual afirmou em relatório que a eventual saída de Camargo Corrêa e Votorantim levaria a mudanças na estrutura societária da Usiminas e, eventualmente, a uma possível fusão com uma concorrente local.

O bloco de controle da Usiminas é formado por Camargo Corrêa e Votorantim (que juntas detêm 26 por cento das ações ordinárias), pela japonesa Nippon Steel (com 27,8 por cento das ordinárias) e pelo Fundo de Pensão Usiminas (10,1 por cento das ordinárias).

Na avaliação do analista Pedro Galdi, da corretora SLW, o acordo de acionistas da Usiminas –que prevê direito de preferência em caso de venda na participação de algum dos controladores– tornaria mais difícil eventual interesse da CSN em ingressar no controle da rival.

"A Usiminas tem um acordo de acionistas, mas se um deles sair do controle, entendo que a Nippon compraria rapidinho. A siderurgia no Brasil passa por um momento interessante. A Nippon vende tecnologia para a Usiminas e compra placa a preço bom. Além disso, a Usiminas vai crescer em minério, não vejo a Nippon se desfazendo da participação. É um ativo interessante para a Nippon", comentou.

"Pode acontecer de Camargo e Votorantim venderem, mas não vejo Nippon saindo, não", acrescentou.

Procuradas, Camargo Corrêa, Votorantim e Usiminas não comentaram o assunto imediatamente.

O presidente do conselho de administração da Camargo Corrêa, Vitor Hallack, afirmou no final de novembro, durante o Reuters Brazil Investment Summit, que considerava como "adequada" a participação detida pelo grupo na Usiminas.

Outro acionista relevante detentor de ações com direito a voto da Usiminas é a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, com 10,4 por cento desses papéis, segundo dados da siderúrgica.

(Alberto Alerigi Jr. e Guillermo Parra-Bernal l Reuters)

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