Dafiti investe R$ 35 milhões e ganha presença no varejo on-line

Por trás de um discreto portão de um edifício sem marca na fachada, em um bairro nobre de São Paulo, cresce com velocidade a Dafiti. A empresa começou a vender sapatos pela internet em janeiro com a ambiciosa meta de chegar ao final do ano como líder brasileira no comércio on-line de moda. O investimento para consolidar a marca completa em setembro R$ 35 milhões.

Em menos de um ano, a Dafiti entrou para o grupo das maiores varejistas on-line do país. Segundo a empresa, somente em julho, foram 5,6 milhões de acessos. Dados do DoubleClick Ad Planner, ferramenta do Google, apontam que em junho o site teve 4,7 milhões de visitantes únicos, mais do que o site do Ponto Frio, por exemplo, com 4,2 milhões. A novata também se aproxima rapidamente da Netshoes, líder na venda on-line de vestuário e calçados esportivos há mais de dez anos no mercado – em junho teve 8,3 milhões de acessos.

A Dafiti tem hoje 230 funcionários, bem mais do que os 60 contratados em janeiro. No fim de 2010 eram apenas quatro, que confabulavam em quartos de hotel. A incubadora de empresas alemã Rocket Internet promoveu o encontro entre os quatro sócios que administram o negócio – o brasileiro Philipp Povel, o francês Thibaud Lecuyer e os alemães Malte Horeyseck e Malte Huffmann. Uma seleção de cérebros entre 28 e 31 anos, formados em escolas renomadas como Harvard, nos EUA, e Insead, na França, e passagens por bancos e consultorias internacionais.

A Dafiti, que começou pelos calçados, agregou acessórios em abril e roupas em julho. Hoje vende 7 mil modelos diferentes de produtos. "Vamos chegar a pelo menos 28 mil até janeiro", afirma Horeyseck. A empresa já se prepara para vender, a partir de setembro, 10 a 12 marcas de roupas íntimas. Óculos e relógios também estão nos planos.

O negócio, que começa por calçados e avança para outros itens, replica o modelo do site que inspirou a Dafiti: o alemão Zalando, que também é incubado pela Rocket.

O site brasileiro tem parcerias com 140 marcas, que incluem CNS, Dumond, Capodarte, Puma, Ellus, Calvin Klein e Tommy Hilfiger. A ideia é chegar a 200 fornecedores em janeiro. A Dafiti não faz consignação. Ela compra os produtos, estocados até a venda em uma estrutura de 7 mil metros quadrados, em Jundiaí (SP).

Um estúdio próprio, com capacidade para 400 fotos diárias, produz imagens detalhadas de cada item, que são acompanhadas de textos explicativos. "Fazemos a descrição da sola, da costura, do tecido. Procuramos responder todas as perguntas que o cliente possa ter em frente à tela", diz Lecuyer. O produto pode ser devolvido em até 30 dias, com frete grátis.

O atendimento ao cliente e a tecnologia de informação são próprios. Seis pessoas analisam os números do site (qual o produto mais vendido, por exemplo). "Infelizmente a logística ainda é terceirizada", diz Lecuyer. "Mas vamos ter surpresa para o Natal", diz.

Os sócios fazem mistério sobre a taxa de conversão (parcela dos visitantes que faz uma compra) e a expectativa de faturamento. Povel diz que, mantido o ritmo de crescimento, já seria possível lucrar com o negócio em 2012, mas a intenção não é essa. "Estamos montando uma máquina grande para operar muitos produtos e ela tem custo fixo alto. Não temos meta de lucro rápido".

(Luciana Seabra l Valor)

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