Das pistas de F1 para investimentos no Brasil

Gestora europeia Genii, dona da Lotus Renault, assina parceria com incubadora brasileira WWI para trazer capital para empresas e fundos, em portfólio de US$ 10 bilhões.

Nos fins de semana da temporada de Fórmula 1, a agenda dos donos da equipe Lotus Renault fica abarrotada de reuniões com empresários, investidores e representantes do governo dos 19 países onde as provas são realizadas.

As conversas, no entanto, não giram em torno do desempenho dos pilotos ou da performance dos carros nas pistas. O intuito é fechar boas parcerias.

"Do ponto de vista financeiro, a Fórmula 1 não é o setor mais importante dentro do grupo. Mas, por suas características, o esporte funciona como plataforma de negócios", afirma Gerard Lopez, presidente da Genii Capital, gestora de investimentos e consultora financeira que controla a equipe representada, nos grandes prêmios, por Vitaly Petrov e Nick Heidfeld.

Apesar de ainda faltarem três meses para a prova de Interlagos, Lopez desembarcou nesta semana, no país, para fechar uma parceria com a incubadora de projetos brasileira WWI (que tem R$ 2,3 bilhões em investimentos).

Resultado da joint venture, a Genii WWI nasce com portfólio de US$ 10 bilhões provenientes das duas companhias e com o objetivo de investir nos setores automobilístico, mercado imobiliário, telecomunicações, tecnologia da informação e de energia (renovável, óleo e gás). "São negócios que possuem sinergia nas duas companhias", explica Lopez.

O executivo acrescenta que estão em maturação 14 projetos – um deles, inclusive, é a vinda de duas marcas do setor automotivo para o Brasil. "O investimento é da ordem de US$ 500 milhões", diz o executivo, sem revelar os nomes das marcas. "O problema tem sido priorizar esses projetos, porque falta tempo, energia e pessoas."

O executivo diz que o intuito é aplicar os recursos diretamente nas companhias, montar fundos de private equity e prestar assessoria financeira. "Estamos auxiliando uma empresa de software que já atua no país a expandir as as suas atividades. No caso de energia, estamos atrás do que é mais avançado lá fora para apresentar à Petrobras", acrescenta.

A ideia da parceria, segundo Marco Versiani, presidente da incubadora, é ajudar investidores estrangeiros a aplicar os seus recursos de forma não especulativa no Brasil, assim como levar capital brasileiro para o outro lado do Atlântico.

"Os serviços financeiros dos bancos brasileiros, por exemplo, poderiam ser mais internacionalizados." Lopez acrescenta que investidores do leste europeu têm interesse em injetar recursos no Brasil. "Por isso, seria interessante ter agência nesses países."

Private equity

Os ativos são a peça-chave dos fundos de private equity que serão formados e geridos pela Genii WWI. "O que não falta são investidores interessados em se tornar parceiros", diz Versiani. Mas bons projetos não são fáceis de achar.

Portanto, o presidente da WWI usa uma ferramenta que compila dados de todos os setores da economia para auxiliá-lo a separar o joio do trigo. "Se um projeto passa pelo teste de risco operacional do WWI Map, nós avaliamos o business plan. Desta forma, não perdemos tempo." Detectado o bom negócio, a Genii WWI entra como parceira, assumindo o risco. "Desta forma, mostramos que acreditamos naquele projeto."

O executivo conta que não trabalha com parceiros cujo interesse é aplicar recursos e sair do negócio dois ou três anos depois.

"Não é que sejamos anjos da guarda ou não nos importamos com lucro. Na verdade, somos desenvolvimentistas: achamos que as oportunidades vêm quando se agrega valor às companhias", destaca.

É por isso que ele acredita que o governo brasileiro está certo ao barrar a entrada de capital especulativo.

"O país precisa de investimento em setores que fomentem a criação de empregos e o crescimento econômico do Brasil." Com tantas oportunidades em vista, as visitas de Lopez não ficarão mais restritas ao encerramento da temporada de Fórmula 1 no Brasil.

(Natália Flach l Brasil Econômico)

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