Dell vai montar centro de dados no país

A fabricante de computadores Dell vai montar uma estrutura de centro de dados no Brasil. O projeto, conduzido diretamente pela matriz da companhia americana, faz parte dos planos da Dell para ampliar os negócios de sua divisão de serviços. Além de um prédio para abrigar servidores – computadores de grande que processam os dados – , a companhia planeja instalar uma unidade para desenvolvimento de sistemas no país.

Nesta semana, Peter Altabef, presidente mundial da divisão de serviços da Dell, visitou o país, com passagens por São Paulo, Rio e Porto Alegre. O executivo falou com exclusividade ao Valor.

Os investimentos na subsidiária, segundo Altabef – que não revelou valores ou prazos de execução -, trarão à operação local uma oferta completa dos serviços que a Dell oferece hoje em outros países, como os Estados Unidos. Atualmente, a Dell tem uma fábrica de equipamentos em Hortolândia (SP). "Construiremos uma forte estrutura aqui. É por isso que estou visitando o país pela primeira vez", disse.

Altabef é novato na Dell. A instalação de sua sala na sede da companhia, em Round Rock, no Texas, ocorreu em novembro do ano passado. Na ocasião, a Dell desembolsou US$ 3,9 bilhões pela Perot Systems, uma consultoria de TI da qual ele era o executivo-chefe. Com a aquisição, Altabef passou a ser o novo braço direito de Michael Dell, em sua empreitada para reconfigurar as operações da companhia, fundada 26 anos atrás.

A tarefa não é simples. Em qualquer canto do globo, a Dell sempre foi – e continua a ser – sinônimo de computadores. Sua imagem não tem parentesco próximo com a prestação de serviços, o que se reflete em seus resultados financeiros. No ano fiscal encerrado em janeiro, a empresa faturou US$ 53 bilhões. Do total, apenas 15% são referentes à unidade de serviços.

Com a Perot Systems, a aquisição mais cara já realizada pela Dell, sua musculatura aumentou. Aos 18 mil funcionários que a fabricante mantinha na área de serviços somaram-se 24 mil da Perot. Hoje, a Dell conta com cerca de 60 mil funcionários, incluídos os colaboradores mantidos nas instalações de clientes de grande porte. "No Brasil, temos 1,8 mil pessoas trabalhando em nossa divisão de serviços, dos quais mil são funcionários diretos da Dell", diz Altabef.

Embora significativos, quando comparados aos dos maiores rivais os números mostram que a Dell ainda tem muito a crescer para chegar ao topo no segmento. Com um total de 96 mil funcionários, a empresa de Michael Dell vale hoje menos de um terço do que valia cinco anos atrás. Em 2005, seu valor de mercado era de US$ 102 bilhões; hoje, é de US$ 32 bilhões. A disposição da Dell em oferecer serviços – área que costuma oferecer uma margem de lucro bem maior que a de equipamentos – acompanha movimentos já consolidados por seus maiores concorrentes. A Hewlett-Packard (HP), que tirou da Dell a liderança do mercado mundial de PCs, jogou pesado dois anos atrás, ao pagar US$ 13,9 bilhões pela empresa de serviços EDS. Hoje, é um gigante com 304 mil funcionários e faturamento de US$ 114,5 bilhões. Antes disso, em 2005, a IBM já fizera um movimento radical, vendendo sua área de PCs para a chinesa Lenovo, com o objetivo de se dedicar aos serviços de TI. Com 399 mil funcionários, a IBM registrou faturamento de US$ 96 bilhões em seu ano fiscal mais recente.

Altabef reconhece que o trabalho só começou. "Estamos numa fase de transição, que demanda uma quantidade tremenda de energia", disse. Frequentemente, seu telefone celular toca fora do horário comercial, inclusive após a meia-noite. Do outro lado da linha está Michael Dell, com alguma pergunta ou sugestão. "O Michael é assim, um líder que toca as operações com as próprias mãos", afirmou. "Tem sido muito divertido."

(André Borges | Valor)
 

 

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