Endividada, Unidas busca minoritário para crescer

A Unidas, locadora de carros do grupo português SAG, busca um sócio para se capitalizar e refinanciar a dívida líquida de R$ 535 milhões. "Inicialmente, buscamos um parceiro minoritário que faça um aporte, via aumento de capital, para a nossa expansão. Mas isso pode mudar como aconteceu na nossa operação em Portugal", diz o português Pedro Almeida, que mudou-se para o Brasil para assumir o cargo de presidente-executivo da Unidas em março deste ano.

Em Portugal, o grupo SAG era dono do Interbanco, de locação de veículos, que teve 60% do capital vendido para o Santander Consumer, unidade de crédito de consumo do banco espanhol em 2005. Três anos depois, o SAG vendeu todo o negócio para o Santander.

Almeida informou que está em conversações com vários grupos, mas as negociações não estão em estágio avançado. "Estamos conversando com possíveis parceiros, mas com nenhum deles há período de exclusividade. Estamos abertos para parcerias com empresas do setor, investidores ou fundos", disse.

Outra frente em que a companhia vem trabalhando é a captação de novos empréstimos de longo prazo para pagar os atuais financiamentos, que são em sua maior parte de curto prazo. A empresa encerrou o primeiro semestre com endividamento de curto prazo de cerca de R$ 480 milhões. A primeira ação nesse sentido, foi feita em outubro, quando fez uma captação de notas promissórias no valor de R$ 108 milhões, com prazo de pagamento entre 24 e 36 meses. A operação destina-se a quitar outros empréstimos efetuados em eurobônus e notas promissórias, cujo vencimento ocorreu no final de setembro e eram de curto prazo. "Estamos alongando o perfil da nossa dívida de acordo com os prazos de contratos que temos com os nossos clientes de terceirização [aluguel] de frota. Hoje, quase 50% da dívida já é de longo prazo", disse Almeida. Antes da crise global, afirmou, os contratos com empresas que alugam os carros da Unidas (terceirização de frota) eram de um ano e meio. Hoje, 27 meses.

Outro ponto que está sendo acertado pela companhia, segundo o executivo, é o reconhecimento das perdas com a desvalorização dos automóveis usados. Com o incentivo à venda de carros novos adotado pelo governo federal, por meio da isenção do pagamento de IPI, a frota de carros usados da Unidas desvalorizou entre 13% e 15%, gerando uma perda de R$ 120 milhões. De acordo com Almeida, 95% dessas perdas já foram contabilizadas nos balanços. "Nossos últimos prejuízos foram decorrentes do reconhecimento dessas perdas. A partir de janeiro vamos voltar ao azul", disse o presidente. A companhia vem amargando prejuízos há dois anos e meio, sendo que no primeiro semestre, o resultado final foi negativo em R$ 63,6 milhões.

A receita líquida no primeiro semestre, proveniente exclusivamente de aluguel de carros, sem incluir a venda de automóveis usados, foi de R$ 174,2 milhões, com queda de 5% sobre o mesmo período de 2009. No ano passado a receita líquida somou R$ 338,3 milhões, valor R$ 56 milhões superior ao de 2008. A compra de carros novos para reposição da frota foi feita com recursos da venda dos automóveis usados e geração de caixa das locações.

Segundo Almeida, a entrada de um novo sócio no capital da Unidas será para capitalizar a locadora de carros diante das expectativas positivas para o setor de aluguel de veículos como Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016. O mercado acredita que com os dois eventos esportivos haverá um expressivo crescimento para o setor, que fechou 2009 com faturamento de R$ 4,3 bilhões, aumento de 9,5% em relação a 2008, segundo dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).

"Nossa meta é crescer entre 25% e 30% nos próximos três ou quatro anos. O momento é extremamente favorável porque teremos a Copa e a Olimpíada. Por isso buscamos um parceiro para nos ajudar na expansão", diz o presidente da Unidas, que é a segunda maior locadora de carros do país com uma frota de 30 mil. A líder do setor é a Localiza, com 75 mil automóveis e receita líquida, resultante do aluguel de carros, de R$ 325 milhões no primeiro semestre.

(Beth Koike | Valor)

 

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