Fundos dos EUA fazem novo investimento no Peixe Urbano

O site de compras coletivas Peixe Urbano recebeu uma nova rodada de investimentos e passa a ter os fundos americanos Morgan Stanley e T.Rowe Price como seus novos sócios.
 
Esse é o terceiro aporte internacional recebido pela empresa desde a criação, em 2010. Ele incluirá, além da entrada dos dois novos sócios, reforço em investimentos de General Atlantic e Tiger Global Management, fundos que já faziam parte da composição de capital da companhia desde o ano passado.
 
O valor da captação atual não foi revelado, mas, segundo fontes próximas às negociações, é o triplo do montante já recebido anteriormente. A primeira rodada de investimentos foi feita em 2010 pelos fundos Monashees e Benchmark Capital. O apresentador Luciano Huck também é um dos acionistas e integrantes do conselho de administração da empresa.
 
Segundo Julio Vasconcellos, sócio-fundador do Peixe Urbano, a intenção é ampliar o número de funcionários –são mil hoje–, investir em tecnologia e consolidar as operações na Argentina, no México e no Chile.
 
O Peixe Urbano não é o único a ter capital estrangeiro em sua composição. Há dois anos, o investidor alemão Klaus Hommels investiu no Clickon, que continuou sua rodada de captações no Brasil com a venda de 40% para a empresa de investimentos Mosaico, das Organizações Globo. O Groupon recebe investimentos diretos da matriz, nos Estados Unidos.
 
COMPRA COLETIVA

O anúncio dos novos investimentos internacionais no Peixe Urbano e no mercado brasileiro vem na contramão do movimento que já acontece nos Estados Unidos de questionamento do modelo de negócios dos sites de compra coletiva.
 
Após a abertura de capital do Groupon – que captou US$ 700 milhões (R$ 1,24 bilhão) no início de novembro, mas viu seus papéis desvalorizarem mais de 40% nas três semanas seguintes -, analistas de mercado começam a debater se o modelo de negócios baseado em comissões sobre as ofertas publicadas no portal ainda é sustentável.
 
O mercado norte-americano é o berço do modelo de compras coletivas, em que redes de varejo e serviços oferecem cupons de desconto para seus produtos e dividem a receita das vendas com sites de compra coletiva.
 
Em uma análise feita cerca de um mês depois do IPO do Groupon, analistas de investimento do grupo Wall Street Equities Research disseram haver uma "preocupação crescente de que as receitas da companhia podem não ser sustentáveis com a crescente competição no setor e em meio aos solavancos da economia mundial, que poderia ter impacto nos gastos do consumidor".
 
Durante o evento anual do varejo que acontece em Nova York nesta semana, também foi questionado se o modelo de descontos agressivos é bom ou ruim para redes de varejo, que passam a ficar "reféns das promoções". Entre as marcas americanas que já fizeram promoções estão Gap, American Apparel (ambas de vestuário) e Bath & Body, de cosméticos. Caso essas empresas desacelerassem suas promoções, a receita dos portais poderia ficar comprometida.
 
Na avaliação de Vasconcellos, do Peixe Urbano, entretanto, há muito a crescer no setor. "O Brasil tem um grande potencial ainda a ser explorado pelos sites de compra coletiva, tanto em geografias, quando produtos e serviços oferecidos", diz.
 
Segundo Guilherme Ribenboim, presidente do Clickon, há espaço para melhorar a qualidade dos serviços prestados e da seleção dos parceiros de negócios.
 
Em novembro do ano passado, o Procon-SP autuou Clickon, Peixe Urbano e Groupon –os três maiores portais do país– por não oferecerem garantia de qualidade e de entrega aos serviços prestados.
 
O Groupon Brasil comenta que o setor está em franco período de amadurecimento, "com o próprio mercado inspirando cada vez mais confiança aos consumidores e eventuais investidores".
 
Segundo o relatório mensal do InfoSaveMe, portal que acompanha os principais sites de compra coletiva do Brasil, o setor faturou R$ 91,4 milhões no último mês de 2011.
 
(Camila Fusco l Folha de S. Paulo)
 

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