Fusões no setor de educação passarão a mirar ensino básico

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Fundos de investimento e executivos do setor de educação no Brasil se preparam para uma onda de fusões e aquisições na educação básica, que compreende o ensino fundamental e o médio. Depois de os negócios com faculdades e universidades brasileiras terem dado origem a alguns dos maiores grupos de educação superior do mundo, sistemas de ensino e colégios com perfil de negócio de grande escala podem ser alvo, segundo indicam especialistas.

Um dos primeiros a manifestar interesse em investir no segmento foi o empresário Chaim Zaher. Ele afirma que pretende colocar no ensino básico os recursos que conseguiu com a venda para a Estácio da instituição de ensino superior Uniseb, fundada por ele. A operação totalizou R$ 615 milhões, sendo que metade do valor foi pago em dinheiro e o restante em ações da Estácio.

Hoje o empresário já é dono do Sistema Educacional Brasileiro (SEB), com 31 escolas e 35 mil alunos, sobretudo no interior de São Paulo e em Minas Gerais. “Vamos expandir para outros Estados e cidades importantes como Rio de Janeiro, Recife, Florianópolis e Porto Alegre, além de investir em um sistema de escolas próprias bilíngues”, disse.

Em 2010, Zaher ficou conhecido após vender as marcas COC, Dom Bosco, Pueri Domus e Name para a britânica Pearson por R$ 600 milhões e manter as unidades físicas. As vendas de grande porte garantiram os recursos para a expansão. Ele identifica uma tendência de consolidação no segmento: “Quero fazer na educação Básica o que já aconteceu no ensino superior e estou bem perto disso”, comentou.

Já outros movimentos devem partir de fundos de private equity, conforme ressalta o sócio da PwC Brasil Alexandre Pierantoni, líder da área de educação da firma. “Os principais grupos de educação universitária foram formados por private equity e devemos continuar vendo esses fundos como os grandes investidores do setor”, diz.

Até o momento, o segmento de ensino básico tem apenas uma grande consolidadora: a Abril Educação, companhia que tem entre seus sócios o fundo Br Investimentos. A empresa tem em seu portfólio colégios e cursos preparatórios para vestibular, além de sistemas de ensino, tipo de negócio que inclui a venda de apostilas e assessoria pedagógica a escolas clientes. A companhia informou, porém, que deve interromper o forte ritmo de aquisições para se concentrar na integração de suas marcas. Apesar do interesse de fundos pela consolidação de escolas e sistemas, ainda há dificuldades para que o processo decole.

A sócia da consultoria Brasilpar, Daniela de Pinho, avalia que o segmento ainda tem alto nível de informalidade, o que é um obstáculo. Na opinião de Daniela, a tendência é de que surjam em maior número escolas com métodos de ensino replicáveis em massa. São escolas como as que a Abril Educação possui ou como o COC, do grupo de Zaher e cuja marca foi comprada pela Pearson.

Em comum, elas têm nomes regionalmente fortes e, em muitos casos, um sistema de ensino por trás. Uma dessas marcas é a Positivo, detida pelo grupo curitibano de mesmo nome, que possui ainda a Positivo Informática.

Fontes chegaram a cogitar que o braço de educação do grupo (escolas, curso pré-vestibular e sistemas) estaria caminhando para uma abertura de capital enquanto também se fala que a empresa pode vender essa área para um fundo. A companhia não comenta os rumores.

Cursos não regulados Outra área que vem se desenvolvendo é a de cursos não regulados, como os de idiomas ou a educação corporativa. Na opinião dos especialistas, investidores veem neste negócio o potencial de explorar a demanda por educação no Brasil sem que haja as barreiras regulatórias. “Essa é uma outra onda que vamos ver com mais força”, opina Pierantoni.

No segmento de idiomas já há investimentos de fundos de private equity. O fundo Actis entrou com R$ 135 milhões na rede de franquias de ensino de idiomas CNA ao final do ano passado. A companhia tem em seu planejamento a possibilidade de uma abertura de capital em três ou quatro anos e meta de abrir 100 novas escolas por ano neste período.

Já o Cel Lep teve 100% de seu capital comprado pelo fundo HIG Capital e planeja a expansão de seu número de unidades na região metropolitana de São Paulo.

A Abril Educação investe no segmento por meio da Wise Up, maior instituição já comprada pelo grupo, e da Red Baloon, de ensino infantil.

Já a educação corporativa é um dos interesses da Estácio, que mesmo depois de comprar a Uniseb mantém o interesse em aquisições de médio e pequeno porte, segundo o presidente da companhia Rogério Melzi.

O grupo Anima Educação, que caminha para um IPO e deve ter ações negociadas na bolsa a partir de 28 de outubro, já atua no segmento. A companhia tem 50% de participação na HSM, instituição que tem como outro proprietário o Grupo RBS.

( Fusões e Aquisições)

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