IBM amplia ‘cidade tecnológica’

Pela segunda vez em dois anos, a IBM vai ampliar a estrutura que mantém na cidade de Hortolândia, no interior de São Paulo. O projeto, aprovado internamente há cerca de duas semanas, prevê a construção de mais 800 m2 de área para o centro de dados da companhia instalado na região. O valor exato do investimento na nova estrutura não foi revelado.

Segundo a assessoria de imprensa da companhia, o montante é superior ao aplicado para aumentar a estrutura no ano passado. Em abril de 2010, a IBM anunciou um investimento de US$ 10 milhões para ampliar seu centro de dados em Hortolândia em 800 m2. No ano anterior, a companhia havia aplicado US$ 12 milhões para modernizar os sistemas de refrigeração e a estrutura de distribuição de energia elétrica dentro dos centros.

Ao todo, a IBM tem hoje 11 centros de dados em funcionamento em Hortolândia. As estruturas ocupam 7,4 mil m2 dentro da unidade de serviços que a empresa mantém na cidade. Ao todo, são atendidas 200 empresas nacionais e internacionais, como Unilever, Pão de Açúcar e o grupo Algar. Entre os serviços prestados estão a terceirização de sistemas, de infraestrutura e até de áreas como recursos humanos e contabilidade.

As obras para ampliação serão realizadas até o fim do ano e a quantidade de clientes atendidos vai depender dos projetos que a companhia vender nos próximos meses. "Nada impede que até o fim do ano eu peça para ampliar mais essa estrutura. A demanda está muito aquecida", diz ao Valor Rodrigo Kede, novo vice-presidente da área de serviços de tecnologia da IBM.

O executivo explica que as empresas brasileiras têm buscado transferir para companhias especializadas atividades relacionadas à tecnologia e a processos que não estão relacionados aos seus negócios centrais. As oportunidades, diz Kede, estão em empresas de diferentes setores e tamanhos.

Em 2010, o mercado de serviços de TI movimentou R$ 21 bilhões no Brasil, diz Bruno Tasco, analista da consultoria IDC. O total representa uma expansão de 14% na comparação com 2009. Para os próximos cinco anos, a estimativa é de crescimentos da ordem de 10% ao ano. De acordo com Tasco, o mercado brasileiro é o que mais cresce no mundo.

Na IBM, o cenário é semelhante, diz Kede. A companhia não revela a receita de serviços, nem o percentual de crescimento do negócio no Brasil. O interesse, no entanto, fica claro por conta dos investimentos locais. Além da expansão das equipes de venda e da estrutura para manter os contratos dos clientes em funcionamento, a companhia tem investido em pesquisa e desenvolvimento de ofertas sob medida aos clientes atendidos em Hortolândia.

No começo do ano, a IBM anunciou a instalação no país de um laboratório de inovação na área de serviços. A unidade – que funcionará em conjunto com o centro de pesquisa anunciado no ano passado – fará parte de uma rede de sete outros laboratórios que serão instalados em todo o mundo. Especialistas poderão estudar problemas e desenvolver novas tecnologias para tentar solucioná-los. O laboratório está em processo de instalação e a previsão é de que reúna 100 pesquisadores em cinco anos.

A área de serviços é uma das principais apostas da IBM em todo o mundo. Depois de quase quebrar na década de 90, a companhia passou por um intenso processo de reestruturação que a levou a sair de negócios com as quais obtinha pouco lucro, como computadores e impressoras, e a reforçar as áreas de software e serviços. A estratégia foi executada com o desenvolvimento de tecnologias e a compra de empresas. Hoje, 80% da receita global de US$ 100 bilhões vem de software e serviços. De acordo com Kede, a proporção é semelhante no Brasil.

Surfista e fã de corridas de rua, o executivo não tem o perfil clássico que se pode imaginar de um vice-presidente da "Big Blue" – o nome pelo qual é conhecida a centenária companhia de tecnologia da informação (TI). A idade é um dos fatores de surpresa: 39 anos. "Eu nasci no mesmo dia que o Rogério Oliveira [ex-presidente da IBM no Brasil e na América Latina, aposentado em abril, depois de 40 anos de trabalho] entrou na companhia. Sempre fui motivo de brincadeiras por ser jovem", diz

No caso de Kede, a juventude não significa falta de experiência. Ele pode ser considerado um veterano no mundo dos negócios. Na IBM desde 1993, o executivo começou sua carreira como trainee e, em 18 anos, acumulou experiências como três temporadas nos Estados Unidos e passagens por cargos como o de diretor-financeiro para o Brasil e depois toda a América Latina.

Na avaliação de Kede, a experiência na área financeira será fundamental em seu novo cargo. De acordo com o executivo, projetos na área de serviços não são uma questão apenas de tecnologia. Eles são decididos pelo diretor financeiro. "Conhecendo a área e os profissionais, eu posso entender melhor o que eles precisam ", diz.

Instalada em Hortolândia desde a década de 70 – quando montou uma fábrica de máquinas de escrever -, a IBM vem investindo constantemente para expandir sua operação na cidade. Segundo Kede, está sendo planejada a construção de uma minirrodoviária para organizar o fluxo diário de 140 ônibus que leva e trás funcionários que trabalham no local. A IBM não divulga o número de profissionais. A informação mais recente, de 2009, é de que 7 mil pessoas trabalhavam em Hortolândia.

Com um milhão de m2, o centro tem área suficiente para ampliações futuras, diz Kede. As expansões, porém, não dependem exclusivamente da disponibilidade de espaço. "Há questões de infraestrutura de eletricidade e saneamento, entre outras, que podem impedir isso. Mas esse é um problema bom com o qual teremos de lidar no futuro", diz.

(Valor)

+ posts

Share this post