JCB planeja investir R$ 100 milhões em nova fábrica no país

Prestes a inaugurar uma linha de produção de escavadeiras na unidade de Sorocaba (SP), a empresa britânica JCB, uma das maiores fabricantes mundiais de máquinas pesadas, está se preparando para uma nova rodada de investimentos em solo brasileiro. O projeto, segundo o diretor-geral da JCB para a América Latina, Carlos Hernandez, envolve aporte de R$ 100 milhões em mais uma fábrica no país, em 2011, o que permitirá à empresa ampliar a capacidade instalada e o portfólio de origem nacional.

Em Sorocaba, na única unidade produtiva da companhia na América do Sul, a JCB fabrica retroescavadeiras, carro-chefe da companhia mundialmente. No dia 22, oficializa o início de operação da linha de escavadeiras de esteira, resultado de investimentos de US$ 5 milhões, que ampliam a capacidade de produção no país em 50%. "Já notamos que essa expansão não é suficiente e começamos a trabalhar no projeto da nova fábrica, que deverá ficar na região de Sorocaba", afirma o executivo.

A elevação da aposta no Brasil é justificada pela relevância que o mercado nacional conquistou para os negócio globais da companhia. No primeiro trimestre, a JCB vendeu 4.264 máquinas no país, praticamente o dobro do comercializado no mesmo período de 2009. Na América do Norte, no mesmo trimestre, foram vendidas 16.826 unidades, com queda de 8,6% na mesma base de comparação. "O mercado brasileiro corresponde a um terço do americano considerando-se o conjunto de produtos da JCB. Mas, hoje, a venda de retroescavadeiras é maior no Brasil do que nos Estados Unidos", comenta Hernandez.

Obras de infraestrutura, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e investimentos na área de mineração subsidiam o crescimento das vendas de máquinas no país, conforme o executivo. "A economia brasileira pode crescer mais, mas isso só vai ocorrer se houver mais obras de infraestrutura. E aí há uma grande oportunidade para nós", acrescenta. O executivo cita como exemplo da grandiosidade – e oportunidade – dos projetos em andamento no Brasil a transposição do Rio São Francisco, que contribui para o aquecimento das vendas ainda mais forte na região Nordeste.

O mercado externo não está na lista de prioridades da operação brasileira da JCB, que tem 18 fábricas em quatro continentes. Em 2005, conta Hernandez, o embarque de máquinas fabricadas no país representava até 60% das vendas. Hoje, não alcança fatia de 10%, em razão do câmbio desfavorável às exportações.

A JCB, que tem capital fechado, gera na Índia 40% de seu faturamento global. Na América Latina, a participação varia entre 8% e 9% – somente o Brasil responde por 6% das receitas da companhia. "Hoje, é muito mais fácil conseguir investimentos para China, Índia e Brasil do que há seis anos", conta o executivo, referindo-se ao período em que está à frente da operação latino-americana.

Segundo Hernandez, a companhia chegou a avaliar a possibilidade de alterar o índice de nacionalização, hoje de 70%, quando tomou a decisão de investir na linha de escavadeiras de esteira que será inaugurada, oficialmente, no dia 22. Porém, optou manter os índices atuais em razão do estímulo que o Finame, linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que exige que pelo menos 60% do peso e do valor da máquina correspondam a conteúdo nacional, representa às vendas de máquinas no país. "Talvez essa discussão tenha de ser feita, em razão do câmbio atual. Mas as condições do Finame são muito atraentes, o que certamente impulsiona a decisão de investimentos em máquinas", acrescenta.

(Silvia Costanti | Valor)
 

 

 

 

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