Mallory está investindo para triplicar de tamanho

O espanhol Àngel Riudalbàs fala pouco e rápido, em bom português. Deixa claro que o grupo Taurus, do qual é o principal executivo, não gosta de dar números. "Somos discretos e não vemos importância em explicar certas coisas", diz ele, quando questionado sobre o faturamento do grupo no mundo e no Brasil, onde é dono da fabricante de eletroportáteis Mallory. "Preferimos ser mais prudentes. Os concorrentes ficam olhando".

O que os rivais têm visto desde 2002, quando a Taurus comprou a Mallory da francesa Moulinex, foi um avanço digno dos velhos conquistadores espanhóis. Há oito anos, a Mallory tinha um faturamento na casa dos R$ 12 milhões, que deve saltar para R$ 300 milhões este ano. A cifra já representa cerca de 25% das vendas da catalã Taurus no mundo, que gira em torno de US$ 700 milhões.

Entre 2002 e 2009, o grupo inaugurou a segunda fábrica da marca, diversificou a linha de produtos – eram apenas sete itens, de batedeiras e ventiladores, e hoje são quase 70 – e contratou gente da concorrência. Agora, dá o impulso para o segundo salto: investimento de US$ 30 milhões entre 2010 e 2012. A meta é fazer a Mallory triplicar de tamanho até 2015.

Ainda este ano será inaugurada a terceira fábrica da Mallory no Brasil, em Maranguape (CE), sede da empresa. "Será a fábrica mais moderna da Taurus no mundo", diz Riudalbàs. Bastante robotizada, com alimentação automática de resina, a nova fábrica custou US$ 10 milhões. "Serão contratadas 250 pessoas", diz Paulo Braga, diretor superintendente da Mallory, que emprega 1 mil funcionários no país. Na nova fábrica, serão fabricados liquidificadores, batedeiras, ferros de passar, mixers e multiprocessadores. "É mais interessante ter uma fábrica aqui do que importar da nossa planta na China porque ganhamos em agilidade e fazemos produtos mais direcionados", diz Riudalbàs, que esteve em São Paulo na quarta-feira para mostrar ao varejo uma nova linha de cuidados pessoais, com secadores e modeladores de cabelos ("chapinhas"), com a assinatura da cantora Claudia Leitte. Apesar de a Mallory atender outros mercados da Taurus na América Latina, Riudalbàs ressalta que a nova fábrica está sendo criada devido à forte demanda no Brasil.

Segundo a GfK, a venda de eletroportáteis no primeiro semestre no Brasil cresceu 12% (18 milhões de unidades), e 13,5% em valor (R$ 2 bilhões). A Mallory tenta se destacar dos principais concorrentes Arno e Walita com preço menores, em linha com fabricantes como Britânia e Mondial. "Mas em algumas categorias, como a de batedeiras, somos tão competitivos quanto os líderes", diz Paulo Braga.

Entre 2011 e 2012, a Mallory pretende investir US$ 20 milhões em uma nova sede em Maranguape, na criação de um centro de distribuição (CD) vertical na mesma cidade, que vai unificar a operação dos atuais três CDs mantidos pela empresa na região (há um quarto CD em São Paulo). Os recursos devem servir ainda para desenvolver novos produtos, especialmente nas linhas de bricolagem e beleza. "Vamos trazer duas das marcas internacionais da Taurus para o Brasil", diz Braga, sem adiantar detalhes.

Controlada pelos sócios Ramón Terméns e Jorge Tornini no final dos anos 90, a Taurus cresce via um plano agressivo. Fazem parte do grupo as marcas Monix (adquirida em 2001), a indiana Inalsa (2004), a sul-africana Mellerware (2005) e a distribuidora marroquina Big Distributions. "No Brasil, vamos crescer também com aquisições", diz Riudalbàs, que pode fechar a primeira compra em 2011. Com presença em 27 países, a Taurus tem nove fábricas no mundo e está se dedicando a explorar novos mercados, como o hoteleiro e o de beleza profissional.

Por aqui, pretende reforçar a marca nas regiões Norte e Sul, onde ainda é pouco conhecida. "Quando chegamos, todos disseram que havia mercados onde não era possível disputar porque havia grandes competidores, como o de aspiradores e o de ferros de passar", diz o diretor geral da Mallory no Brasil, Alberto Betrian Blasco. "Provamos que não é assim".

(Daniele Madureira | Valor)

 

 

 

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