Avessa à ideia de venda, rede BH prevê faturar R$ 1,8 bi

A expectativa de concentração do setor de supermercados em Minas Gerais, após a venda da rede Bretas à chilena Cencosud, deve trazer novo papel à Supermercados BH, terceira maior cadeia do Estado. "Eles terão que se posicionar como consolidadores ou como vendedores. E será algo a curto prazo pois o mercado vai ficar menor", diz Antonio Coriolano Marques, sócio da RetailConsulting.

Fundada em 1996, a BH faz parte do grupo de novas varejistas que surgiram no país no período de estabilidade econômica. Nos últimos três anos, a rede abriu 34 lojas, quase uma por mês – média elevada entre as cadeias de atuação regional no país. Em 2010, as vendas subiram 31,5%, taxa de expansão inferior só a do Grupo Pão de Açúcar e a do G.Barbosa, empresa controlada pela Cencosud.

A expansão da rede e o bom momento do mercado local fizeram crescer o interesse de grupos estrangeiros e nacionais na BH. Em MG, o setor cresce a um ritmo duas vezes maior que a média do país. Sondagens já teriam sido à rede pelo Walmart e pela Cencosud. "Eles não pensam nisso. Há um projeto de sucessão, com a família envolvida no crescimento do negócio", diz Leonardo Pena, executivo responsável pelo departamento fiscal do BH, na 12ª posição do ranking de supermercados no país.

Para este ano, o BH espera registrar um faturamento de R$ 1,8 bilhão, 20% acima do R$ 1,5 bilhão apurado no ano passado, conta Pena. Com 110 lojas, a companhia planeja abrir três novas unidades até o fim do ano. Em relação ao tema aquisições, a rede, que só cresce organicamente, não comenta se há projetos de compra na mesa. "Por enquanto, eles só pensam em consolidar o negócio na região."

Na visão de analistas, pode ser difícil manter a competitividade num mercado com redes globais cada vez maiores e com altos ganhos de escala. O Walmart já anunciou um plano de investimento de quase R$ 30 milhões em Minas Gerais até 2014. "A tendência é que as redes regionais vendam ou se associem. Quem não se mexer pode ficar isolado", diz Marques.

Para os anos de 2012 e 2013, o crescimento do BH deve vir de reformas e ampliações de lojas, segundo tem comentando o presidente da cadeia, Pedro Lourenço de Oliveira. Reservado, Oliveira costuma dizer que acertou quando decidiu focar o negócio, desde o seu início, no consumidor das classes C e D. "Quando as redes perceberam que isso era um filão e tanto, a gente já tinha de pé umas 50 lojas", disse ele ao Valor, em uma da poucas entrevistas concedidas.

Uma das mais novas iniciativas da empresa está na área fiscal e tributária. A companhia decidiu melhorar a forma como verifica os seus dados relacionados ao pagamento de impostos. Foi implementado neste ano um sistema de auditoria fiscal por meio digital da empresa Asis Projetos, que faz verificação prévia dos dados enviados ao Fisco. "Queríamos mais segurança em relação ao dados que tínhamos", diz Pena. "Como tenho 110 lojas e a multa para cada incoerência no Fisco gira em torno de R$ 5 mil, um único erro captado me poupa R$ 550 mil".

(Adriana Mattos | Valor)

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