BES Investment aumenta o capital em R$ 100 milhões

O Banco Espírito Santo Investment ampliou seu capital em R$ 100 milhões no Brasil, atingindo patrimônio líquido de R$ 410 milhões (capital e lucros acumulados). "Um terço de aumento de capital é substancial para o porte do banco e precisamos de musculatura para operações de crédito, mercado de capitais e tesouraria", diz Ricardo Espírito Santo, presidente do banco de origem portuguesa no país. "Em 2000 tínhamos um patrimônio de apenas R$ 50 milhões", lembra.

Com essa injeção de recursos feita pela matriz, o patrimônio de referência da instituição subiu para R$ 500 milhões (incluindo CDBs subordinados, que reforçam a estrutura de capital do banco). E é exatamente valor semelhante que o banco tem atualmente em caixa, o que, segundo Espírito Santo, dá tranquilidade financeira à instituição.

Ao longo de 2009, o banco recuperou-se dos saques nos fundos de investimento ocorridos no auge da crise financeira. Os recursos sob administração foram de R$ 400 milhões para R$ 900 milhões durante o ano, tendo batido em torno de R$ 350 milhões no pior momento. O BES já teve R$ 1,2 bilhão em fundos no passado recente, mas essa cifra incluía alguns fundos exclusivos.

Praticamente todas as áreas da instituição cresceram em 2009, com exceção de fusões e aquisições. "Muitas operações ficaram represadas e têm boas chances de se concretizar em 2010, reforçando os resultados do novo ano", explica. O banco é assessor financeiro exclusivo da CSN na tentativa de compra da fabricante de cimentos portuguesa Cimpor. Espírito Santo acredita que, se bem–sucedida, essa será a maior operação de aquisição a ser realizada pelo banco em 2010, tanto no Brasil quanto em Portugal.

Os ativos totais do banco no país subiram de R$ 3,2 bilhões em dezembro de 2008 para R$ 3,9 bilhões em novembro. A carteira de títulos e valores mobiliários foi de R$ 2,5 bilhões para R$ 2,7 bi no mesmo período. O número de funcionários do banco foi ampliado de 157 para 185 ao longo do ano.

A carteira de crédito cresceu de R$ 255 milhões em dezembro de 2008 para R$ 580 milhões em novembro. As operações de crédito do BES são atreladas à atividade de banco de investimento e a modalidade mais forte é a de financiamento de projetos. O mais comum é a concessão de empréstimos-ponte, que ocupam o balanço do banco por tempo limitado. As garantias concedidas em repasses de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social também consomem balanço.

No Brasil, as instituições que assessoram as empresas em emissões de títulos de dívida costumam oferecer garantia firme (ou seja, se comprometem a comprar os títulos se não houver investidores) e isso demanda capital dos bancos. Com isso, os grandes bancos nacionais, como Banco do Brasil e Bradesco, mais capitalizados, são os grandes competidores do segmento. "É um mercado diferente de lá de fora. Não temos balanço tão grande e damos garantia de até R$ 500 milhões", diz o executivo.

Espírito Santo, membro da família que controla o banco em Portugal, acredita que em 2010 haverá boas oportunidades de negócios no mercado secundário de títulos de renda fixa com o surgimento das letras financeiras emitidas pelos bancos. "Para o investidor estrangeiro, é sempre mais fácil analisar bancos, grandes ou pequenos, do que empresas. Porque os bancos já emitiram bônus no exterior", avalia.

(Vanessa Adachi – Valor Econômico)

 

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