Mineradora compra 51% de projeto na Guiné e amplia ofensiva na África

A Vale ampliou sua presença no continente africano na sexta-feira, com a compra do projeto Simandou, na Guiné, por US$ 2,5 bilhões. A mineradora brasileira adquiriu participação de 51% na BSG Resources (Guinea) Ltd., que detém concessões de minério de ferro na Guiné, em Simandou Sul (Zogota) e licenças de exploração em Simandou Norte (Blocos 1 & 2). Do valor total, US$ 500 milhões serão pagos à vista e o restante, em etapas sujeitas ao cumprimento de determinadas metas. Esse é o primeiro investimento da Vale na província de minério de ferro do Oeste africano.

O presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que pretende iniciar a exploração de Simandou em 2012, podendo chegar a uma produção de 10 milhões a 15 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro ano. Simandou, segundo ele, é a "maior área de minério de ferro de alta qualidade não explorada do mundo, comparável a Carajás". É também a primeira reserva de ferro da Vale fora do Brasil.

"Fomos procurados por outros interessados, mas, desde o início, identificamos a Vale como o parceiro lógico para o projeto", disse o presidente da BSGR, Mark Struik, que veio ao Rio na semana passada para fechar o negócio.

Segundo Agnelli, pesou na decisão da BSGR o fato de que a brasileira pretende iniciar a produção o quanto antes. Hoje, empresas concorrentes no mercado mundial de minério de ferro, como a BHP e a Rio Tinto, têm concessões em reservas próximas a Simandou, mas não estão produzindo.

O presidente da Vale também indicou que, com exploração em Simandou, espera convencer o governo do Gabão a devolver uma concessão que a mineradora brasileira tinha no país e que foi cassada e entregue aos chineses. No Gabão, os chineses ainda não deram início à produção de minério.

Entre 2014 e 2015, a Vale espera alcançar uma produção de 50 milhões de toneladas de minério de ferro em Simandou, de acordo com o diretor executivo de ferrosos da empresa, José Carlos Martins. Com isso, a produção da Vale, hoje na casa dos 300 milhões de toneladas/ano, deve chegar a 450 milhões em 2014. A companhia vem tentando acelerar a extração de minério em suas reservas para atender a demanda pela matéria-prima que, hoje, excede a oferta em 50 milhões a 100 milhões de toneladas/ano, segundo Martins.

(Beatriz Cutait e Raquel Balarin | Valor)
 

 

 

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