Para crescer, Dassault Systèmes diversifica atuação no mercado

Ao longo de 30 anos de atuação, a francesa Dassault Systèmes ficou conhecida pelo desenvolvimento de softwares de engenharia. Baseados em recursos de terceira dimensão (3D), os sistemas da empresa encontraram forte aceitação no design de produtos das indústrias automotiva e aeroespacial.

Há cerca de dois anos, no entanto, a companhia passou a investir em aquisições e inovações para ampliar os horizontes de adoção desses sistemas, mais conhecidos no mercado como softwares de gestão de ciclo de vida de produto (PLM, na sigla em inglês).

"Não temos a intenção de abandonar nossas raízes, mas há milhares de aplicações para esse tipo de software. Estamos diversificando nossos negócios", diz Bruno Latchague, vice-presidente executivo de PLM da Dassault.

Seguindo uma tendência de mercado, os sistemas de PLM permitem simular e antecipar em modelos virtuais todas as fases de desenvolvimento de um projeto, da concepção do produto aos possíveis impactos aos quais ele estará exposto em uso. Ao mesmo tempo, esses softwares integram todos os profissionais envolvidos nesses projetos, para que eles possam acessar os dados e realizar eventuais mudanças em tempo real, seja por meio de micros de mesa (desktops) ou dispositivos móveis.

Latchague explica que essa abordagem começa a ser adotada em outros segmentos, com diferentes finalidades. Um dos exemplos de aplicação são os chamados supermercados virtuais, nos quais os varejistas testam junto a um grupo de consumidores a efetividade de distribuição de produtos nas gôndolas, por meio de uma simulação de experiência de compra em 3D. "Outra tendência em crescimento é o uso desses modelos para que os consumidores possam participar do desenvolvimento dos produtos", observa.

O executivo destaca que como reflexo da estratégia de diversificação, a receita da Dassault Systèmes cresceu 20% em 2010, para € 1,56 bilhão. Desse total, o faturamento com software respondeu por € 1,41 bilhão, uma alta de 23% na comparação com o ano anterior. No acumulado dos nove meses de 2011, por sua vez, a receita global avançou 18%, para € 1,27 bilhão.

O Brasil é um dos principais mercados em termos de crescimento, ao lado da China e da Índia. "A projeção é de que a operação local cresça de 25% a 30% nos próximos 5 anos", diz Latchague, que não abre números da receita local.

O aumento da relevância do Brasil refletiu-se em mudanças estruturais no país e na América Latina. Há dois anos, o comando da operação local passou a se reportar diretamente à matriz francesa. A estrutura de vendas na região dobrou de 2010 para 2011, bem como a equipe técnica, responsável pelo atendimento aos mil clientes latino-americanos, 600 deles presentes no Brasil, entre eles companhias como a Embraer.

No início de outubro, por sua vez, Valéria Godoy – que até então atuava como diretora de canais no Brasil – assumiu a mesma posição na América Latina. A executiva substituiu Patricio Matticoli, que passou a ocupar o recém-criado cargo de diretor de vendas diretas para a América Latina.

"Em virtude do crescimento registrado na região, especialmente no Brasil, decidimos que era melhor dividir as funções para atuar com mais foco", explica Valéria.

Seguindo a tendência da operação mundial, Matticoli destaca os segmentos que entraram no radar da companhia no país. "Vamos expandir nosso foco para energia, construção, finanças, telecomunicações e varejo", afirma.

(Moacir Drska | Valor)

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