Peruana Belcorp vai investir US$ 200 milhões no Brasil

A empresa peruana de venda direta de cosméticos Belcorp, terceira maior da América Latina, atrás de Natura e Avon, anunciou ontem que vai investir US$ 200 milhões na operação brasileira até 2015, quando pretende alcançar um faturamento de R$ 400 milhões, com 200 mil consultores.
 
A companhia começou a operar no país em outubro do ano passado, em dez Estados. Hoje está presente em todas as capitais e nas principais cidades do Brasil, de acordo com Claudio Eschecolla, diretor-geral da Belcorp Brasil. No mundo, o grupo faturou US$ 1,6 bilhão em 2011, um crescimento de 24% sobre 2010. A empresa é líder na Colômbia e no Peru, onde foi criada em 1968.
 
Hoje, a Belcorp Brasil importa grande parte dos produtos e uma pequena parcela é fabricada por terceiros em Jundiaí (SP). O centro de distribuição, em São Paulo, também é terceirizado. "A tendência natural é migrar para uma estrutura própria", diz Eschecolla, que planeja ter fábrica e centro de distribuição próprios até 2015. "Queremos ter pelo menos 80% da produção feita aqui", diz Luis Salcedo, vice-presidente da Belcorp para a região que engloba o Brasil.
 
Em 2012, o foco da empresa será aumentar sua rede de distribuição, hoje formada por 50 mil consultores, para investir em mídia de forma mais forte a partir de 2013. Em todos os países onde atua, a Belcorp tem mais de 900 mil consultoras. Em 2011, a companhia subiu uma posição no ranking de vendas diretas da revista "Direct Selling News" e se tornou a décima maior empresa desse canal de vendas no mundo.
 
As metas da Belcorp são ambiciosas. Segundo o executivo, o objetivo é ser a maior empresa de venda direta de cosméticos da América Latina. Para isso, terá que alcançar a liderança no Brasil, maior mercado de beleza da região. "Vai depender das condições de mercado, mas nosso foco e nossos investimentos estão voltados para sermos o número um do Brasil em dez anos", afirma Eschecolla, que classifica o plano como audacioso.
 
As líderes do mercado brasileiro, Natura e Avon, já obtêm hoje uma receita no país muito maior do que a Belcorp planeja atingir em 2015. A Natura, quarta empresa de venda direta no ranking global, vendeu US$ 3 bilhões em 2011 e vai investir, só em 2012, R$ 420 milhões. O Brasil responde por 60% do faturamento da Avon na América Latina (a soma na região atingiu US$ 5,1 bilhões em 2011), como apurou ontem o Valor.
 
O Brasil é o terceiro mercado mundial de beleza e é o país onde o segmento mais cresce – no ano passado avançou 18,9% e movimentou US$ 43 bilhões. Como todos querem uma fatia desse bolo, a concorrência não está fácil para ninguém. Natura e Avon perderam mercado em 2011.
 
Eschecolla vê como diferenciais da Belcorp as marcas segmentadas, que atingem perfis e classes sociais diversos, e o modelo de remuneração multinível, no qual uma líder recebe pelas vendas das consultoras que indicar. O portfólio da Belcorp no Brasil tem cerca de 800 itens e três marcas com posicionamentos diferentes, e cada uma tem um catálogo próprio.
 
O executivo, de 46 anos, trabalhou durante 19 anos na Natura, onde foi diretor para as regiões Norte e Nordeste, após ocupar outros cargos. Na Belcorp, comandou a operação da América Central nos últimos dois anos, da Costa Rica.

(Valor)

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