Private equity sem brincadeira

Crise reduziu captação em 2012, mas o Brasil permanece no topo da lista dos investidores.

Algumas operações milionárias movimentaram o setor de private equity em 2012 no Brasil. As principais transações envolveram restaurantes, como a venda, pela GP Investimentos, da churrascaria Fogo de Chão para o fundo Thomas H. Lee Partners, por US$ 400 milhões, e a compra, pelo espanhol Mercapital, de 70% da Figueira Rubaiyat por R$ 115 milhões. Outras operações grandes foram do fundo americano Carlyle, que comprou partes de duas redes de lojas varejistas, a de móveis e decoração Tok&Stok e a de brinquedos Ri Happy. Apesar dos números pujantes, o relatório Global Private Equity, da consultoria Grant Thornton, obtido com exclusividade pela DINHEIRO, mostra que, em 2012, os fundos de private equity enfrentaram condições difíceis para captar recursos e para fechar negócios.
 
A exceção foi o Brasil. “O País foi visto pelos fundos como um importante polo de negócios, mas a crise na Europa e as incertezas dos investidores seguraram as operações”, diz Paulo Sérgio Dortas, da Grant Thornton Brasil. Foram ouvidos para o estudo 143 executivos seniores do segmento em 20 países. Cerca de 72% dos entrevistados disseram que as perspectivas para captação são negativas ou muito negativas. Em 2011, esse percentual era de apenas 46%. “Os tradicionais investidores em private equity vêm adotando uma atitude mais conservadora”, diz Dortas.

Dados da Associação de Private Equity dos Mercados Emergentes mostram que, no primeiro semestre de 2012, os fundos desse tipo no Brasil captaram US$ 675 milhões, menos de 10% dos US$ 7 bilhões registrados ao longo de todo o ano de 2011. Para igualar-se ao resultado do ano passado, a captação teria de ser multiplicada por dez no segundo semestre, o que, segundo Dortas, será praticamente impossível de ocorrer. A expectativa é que as operações sejam retomadas em 2013, com ênfase nos setores voltados para o mercado interno. “Devemos também ver um crescimento das operações de venture capital, que investem em empresas em fase inicial”, afirma Dortas. “Além disso, com a Copa do Mundo e as Olimpíadas, investidores serão atraídos pelas oportunidades na infraestrutura”, diz.
 
(Isto é Dinheiro)

+ posts

Share this post