Reajuste de valores de aluguel de imóveis no Rio descola do IGP-M, aponta FipeZap

RIO – Sim, o IGP-M é o índice que reajusta a maior parte dos contratos de aluguel. Mas, de acordo com pesquisa do FipeZap – novo índice que mede a inflação dos preços de venda e aluguel de imóveis em seis capitais, inclusive o Rio – nos últimos três anos, os reajustes dos valores da locação na cidade descolaram do indicador medido pela FGV. Entre janeiro de 2008 e janeiro de 2011, os valores subiram 63,1%, enquanto o índice que inflaciona o aluguel teve alta de 19,8%. Em janeiro último, a alta do aluguel chegou a 2,6%, contra 0,8% do IGP-M. Este aumento, de acordo com o economista Luiz Carlos Ewald, se deve ao boom imobiliário e o consequente reajuste dos novos contratos de aluguel.

– O ano de 2009 já mostrava aquecimento do mercado de locações. A partir de então, os donos dos imóveis, ao fim do contrato, passaram a reajustar os valores dos aluguéis a partir das altas observadas no mercado. Muitos proprietários chegaram a pedir a devolução de suas propriedades para poder alugar para outro com valor bem mais alto. O resultado desse movimento começou a ser sentido com maior impacto em 2010 – explica.

A diferença entre o indicador e o reajuste do valor dos aluguéis começou a se acentuar em outubro de 2009: naquele mês, o IGP-m não variou, enquanto a alta dos preços foi de 3,5%. De lá para cá, a maior variação do IGP-M foi em novembro de 2010, de 1,4%. No mesmo mês, os aluguéis subiram 3,6%, também a maior variação no período. Mas, para alívio dos inquilinos, Ewald adianta que o mercado imobiliário deve se estabilizar. Tanto o de locações como o de vendas.

– Antes da crise de 2008, quando os preços dos imóveis despencaram, muitos especialistas já alertavam para um colapso no mercado imobiliário. Do jeito que as coisas andam, o país acabará entrando numa bolha – diz o economista.

No mercado de venda de imóveis, o FipeZap aponta para uma variação dos preços de 2,8% em janeiro, enquanto o IGP-M alcançou os 0,8%. Entre os motivos para esta disparidade, afirma Ewald, está a queda dos juros do crédito imobiliário, que permitiu aos bancos financiar a casa própria com maior facilidade.

– Inclusive a famílias que não possuem renda suficiente. Com o aumento desenfreado dos preços, muitos estão optando pela compra de imóveis como investimento. No entanto, parte
desses proprietários não possui condições de arcar com o financiamento da unidade. Com isso, procuram vender o bem e quando não conseguem pelo imóvel um preço superior ao da compra, acabam acumulando uma dívida. E contribuindo para a inchaço da bolha.

A pesquisa do FipeZap aponta que no Rio, em três anos, os imóveis para locação de um quarto foram os que tiveram a maior variação (76%), seguidos pelos de três (60,4%), dois (58,5%) e quatro (43,5%). Em 12 meses, as moradias de três dormitórios registraram a maior alta (43,7%), seguidos pelos de um quarto (43,5%), dois (37,8%) e quatro (32,7%).

Em relação às vendas, os imóveis de um quarto também foram os que tiveram a maior variação (104,6%), seguidos pelos de dois (93,9%), três (90,8%) e quatro (74,8%). Em 12 meses, os domicílios de três dormitórios registraram a maior alta (43,7%), seguidos pelos de um quarto (43,5%), dois (37,8%) e quatro (32,7%).

(O Globo)

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