Rede inglesa Debenhams planeja ter 15 lojas no Brasil

Com o catálogo da varejista Debenhams nas mãos, o executivo John Scott, diretor de desenvolvimento de negócios internacionais da empresa, aponta com convicção um exemplo capaz de mostrar o diferencial da rede inglesa: um vestido longo de festa, na cor vermelha, assinado pelo estilista britânico Julien Macdonald, sai por modestas 70 libras esterlinas (R$ 190). "Não se tem isso no Brasil: um varejista internacional que traga marcas fortes a preços competitivos", disse o executivo ao Valor, durante a visita de uma semana ao país para conhecer potenciais parceiros locais interessados em abrir uma franquia da Debenhams.

A varejista inglesa, dona de 165 lojas no Reino Unido, Irlanda e Dinamarca, que faturou 2,12 bilhões de libras esterlinas em 2010 (R$ 5,7 bilhões), planeja ter 15 lojas no país até 2015. O vestuário é seu carro-chefe, respondendo por 70% da receita, mas a rede de lojas de departamentos também vende de cosméticos a eletrodomésticos, passando por artigos de decoração.

No mercado internacional, a companhia está em 23 países da Europa, Ásia e Oriente Médio, onde soma 62 lojas. Todas operam no sistema de franquia e os produtos são importados da Debenhams, que tem nas marcas próprias a fonte de 80% das suas vendas. "Por isso conseguimos preços competitivos", explica Scott, lembrando que a empresa tem contratos com grandes estilistas, que fornecem coleções exclusivas e periódicas à rede.

Agora, o plano da Debenhams é atingir 100 lojas no exterior nos próximos três anos e o Brasil está no topo da lista de oportunidades. Outros países da América do Sul, como Chile, Peru e Colômbia, serão visitados pelo executivo nas próximas semanas. "Nossa especialidade é atender a classe média, que está cada vez mais fortalecida no Brasil, mas que não é atendida por grandes varejistas globais", diz Scott, citando como exemplos a rival H&M, sueca.

Mas as varejistas estrangeiras de moda estão, sim, dispostas a investir no Brasil, como já provou a espanhola Inditex, dona da Zara. A britânica Topshop, do grupo Arcadia, já anunciou sua estreia no país em 2011. No Brasil, a primeira loja da rede – dona de 300 pontos de venda no Reino Unido e outros 100 em 33 países – deve ser inaugurada em um dos shoppings do grupo Iguatemi. Outra varejista que já manifestou interesse no mercado nacional foi a japonesa Fast Retailing, dona da Uniqlo. Com mais de 800 lojas no Japão e cerca de 140 no exterior, a rede informou ao jornal "The Wall Street Journal" em dezembro que pretende chegar ao Brasil e à Índia até 2015.

A proposta da Debenhams é desembarcar no continente americano via Brasil, por meio de um parceiro local. Uma aquisição não está nos planos. "Compramos uma grande rede dinamarquesa no ano passado, a Magasin du Nord, mas foi um caso excepcional", diz o executivo, referindo-se à força da marca no mercado local, onde foi mantida.

No Brasil, a primeira iniciativa passa pela inauguração de uma loja conceito, com investimentos entre 2 milhões e 3 milhões de libras (de R$ 5,5 milhões a R$ 8 milhões), mas ainda existem vários detalhes a serem discutidos. "É possível que licenciemos a marca e a produção seja terceirizada no país, uma vez que os custos de importação poderiam tornar o preço final inviável", diz.

Além disso, há a diferença de estações entre os dois hemisférios, o que demanda duas coleções diferentes (outono-inverno e primavera-verão) simultaneamente. Um problema operacional com o qual a varejista inglesa, ao longo dos seus 200 anos de atividade, nunca teve que lidar. (Colaborou Adriana Mattos)

(Daniele Madureira | Valor)
 

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