Setor de materiais de acabamento tem recorde de vendas

O volume, sem precedentes, de entrega de imóveis, esperado para o período dos últimos meses deste ano até o fim de 2012, tem impulsionado as vendas da indústria de materiais de acabamento. Nunca se vendeu tantos produtos como louças e metais sanitários, fechaduras, tintas imobiliárias e revestimentos cerâmicos. Os imóveis que estão na fase final de obras ou ficando prontos foram lançados principalmente em 2008, no primeiro ciclo de investimentos das incorporadoras após a onda de aberturas de capital. O ritmo de entregas aumentou no terceiro trimestre e ganha mais força a partir do quarto trimestre.

As vendas diretas de materiais de acabamento da indústria para construtoras devem movimentar cerca de R$ 15 bilhões dos R$ 45 bilhões de faturamento do segmento esperado para este ano. A receita total de produtos de acabamento em 2011 terá crescimento real de 8% sobre os R$ 42 bilhões de 2010, que havia sido o melhor ano do segmento, conforme o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover. A expansão resulta das vendas para as construtoras, que equivalem a um terço do total, e das destinadas ao varejo, que ficam com dois terços.

Na Deca, divisão de louças e metais sanitários da Duratex, as vendas para as construtoras correspondem de 15% a 20% do total. A Deca começou a sentir aumento da demanda das construtoras no meio do ano, como resultado da maior proximidade das entregas dos imóveis, conforme o diretor comercial, Roney Rotenberg.

Enquanto o faturamento total da Deca deve aumentar em patamar acima de 25%, neste ano, a receita da parcela direcionada para construtoras deve crescer mais de 35%, segundo Rotenberg. Será o melhor ano de vendas da Deca em faturamento e volume. A empresa se beneficia também da comercialização de materiais de acabamento, por meio das revendas, para compradores de imóveis usados que pertenciam, muitas vezes, a quem mudou para algum dos lançamentos que estão sendo entregues. Para o executivo, o mercado deve continuar aquecido até 2016.

A perspectivas positivas dos fabricantes de materiais de construção para os próximos anos se justificam pelo volume de lançamentos feitos pelas incorporadoras em 2010 e sendo anunciados neste ano. Até o fim de 2012, o setor contará com a demanda das obras dos imóveis lançados em 2008 e uma parte de 2009. A partir do segundo semestre de 2013 e, principalmente, de 2014, será a vez de os lançamentos de 2010 e 2011 serem entregues.

A MRV Engenharia, que tem forte atuação na baixa renda, por exemplo, pretende construir 38 mil unidades em 2011 e, até 2015, chegar a 70 mil unidades por ano.

"Estamos começando a colher os frutos dos lançamentos de 2008 e 2009", diz o diretor comercial e de marketing da Pado , Alexandre Zanatta. Até setembro, as vendas para as construtoras aumentaram 15%, parcela acima do crescimento de 10% do faturamento total da Pado, que está em seu melhor ano. Fechaduras e dobradiças são os itens da Pado mais demandados na fase final das obras. A maior parte dos produtos da empresa é voltada para imóveis de médio e alto padrão, mas há também itens mais econômicos. A partir de abril do próximo ano, a Pado terá linha popular, compatível com o programa Minha Casa, Minha Vida.

A Eliane Revestimentos Cerâmicos passou a receber, em setembro, número maior de pedidos por parte das empresas para os imóveis em fase final de obras. As encomendas são feitas com antecedência de seis meses a um ano. Após registrar vendas recordes em 2010, a Eliane espera ultrapassar a marca novamente em 2011, tanto nas vendas totais quanto naquelas para as construtoras, conforme o diretor comercial da Eliane, Rogério Longoni. Para 2012, a perspectiva é de "ritmo de vendas muito bom".

A Cecrisa, que produz porcelanatos e revestimentos cerâmicos com as marcas Portinari e Cecrisa, também espera vendas recordes em 2011, com crescimento de 10% a 15% no faturamento ante 2010. A expansão deve-se, principalmente, à melhora do mix de produtos, segundo o diretor de vendas da Cecrisa, Paulo Cesar Benetton. Os produtos Portinari destinam-se às classes A e B, enquanto os materiais com a marca Cecrisa são voltados para as classes B e C. Em média, entre 35% e 40% dos pedidos de produtos a serem entregues às construtoras nos próximos nove meses já estão em carteira. A expectativa de Benetton é que os pedidos das empresas se acelerem em 2012.

Segundo Cover, da Abramat, o faturamento total da indústria de materiais deve aumentar 4% em 2011 sobre os R$ 105 bilhões de 2010 e chegar a patamar acima do de 2008, o maior já registrado. O faturamento de materiais de base (como cimento, argamassa, tijolos) terá crescimento real de 1% sobre os R$ 63 bilhões de 2011.

No varejo de materiais, as vendas de produtos de acabamento também são as que mais crescem, puxadas por cerâmicas e tintas, que passaram a ser tratadas como "produtos de decoração", conforme o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Claudio Conz. As vendas de itens de acabamento devem ter alta de 8,5% em 2011, e as de materiais em geral, aumento de 6%, segundo Conz. A demanda no varejo tem como estímulo a melhora dos níveis de emprego e renda.

(Chiara Quintão | Valor)

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