TAM decide se compra Trip em 90 dias

A TAM deve decidir em 90 dias se compra ou não uma fatia de até 31% da Trip, informou nesta quarta-feira o presidente da holding que controla o grupo, Marco Antonio Bologna. Esse será o período para que a companhia conclua sua avaliação do novo sistema de vendas de bilhetes da Trip, que permitirá uma integração maior entre as duas aéreas.

Em 29 de março, TAM e Trip assinaram um acordo pelo qual ampliariam o compartilhamento de seus voos. As duas mantinham uma parceria desde 2004 dentro da modalidade bloqueio de assentos, ou seja, cada empresa reservava um determinado número de poltronas para levar passageiros da outra.

Há poucos dias, a Trip concluiu a implantação de uma nova plataforma tecnológica para realização de reservas e check-in que viabilizará a venda livre de assentos, isto é, não haverá restrições para transportar passageiros da TAM e vice-versa. Segundo Bologna, a TAM vai monitorar esse sistema pelos próximos 90 dias, para avaliar sua eficiência e tomar a decisão de se tornar ou não sócia da Trip:

– Nós entendemos que, como a TAM estará alimentando a Trip com seus passageiros, é importante para nós participarmos de algumas decisões na empresa. A Trip precisará, por exemplo, de um planejamento de frota (para atender a nova leva de passageiros) – disse o executivo, durante teleconferência com analistas sobre o resultado do segundo trimestre.

O acordo assinado em março entre TAM e Trip assegurou à primeira direito de comprar até 31% da aérea regional. Semana passada a TAM finalizou a análise financeira de sua parceira, preparando terreno para possível aquisição futura.

O objetivo da TAM com o negócio é avançar sobre rotas que ela não opera, num momento em que o mercado doméstico cresce a dois dígitos por ano e que a disputa com a Gol torna-se ainda mais acirrada, após o anúncio mês passado de sua intenção de adquirir a Webjet. Em junho, a TAM ficou com 41,68% do mercado doméstico. Gol e Webjet, juntas, abocanharam 42,64% do mercado.

Tribunal chileno julga fusão com Lan
Bologna também disse esperar que as aprovações necessárias para que a fusão entre a TAM e a chilena LAN sejam anunciadas até o primeiro trimestre de 2012, o que criará a maior companhia aérea da América do Sul.

O Tribunal Constitucional do Chile deve julgar ainda nesta quarta-feira um requerimento da também chilena PAL Airlines, que pediu o bloquear da fusão. A decisão judicial deve sair até amanhã, segundo o executivo.

– A gente continua bastante confiante na criação da Latam – afirmou Bologna. – Estamos trabalhando com o prazo do primeiro trimestre de 2012.

Bologna disse ainda que o mais importante é a consolidação da operação por meio de uma oferta pública de aquisição (OPA) na BM&FBovespa. E que são necessárias aprovações de outros órgãos de análise de concorrência, além do brasileiro e do chileno. A Alemanha já aprovou o negócio. Na Itália e na Espanha, ele ainda está sob análise.

Lucro de R$ 60 milhões

A TAM apurou lucro líquido de R$ 60,3 milhões no segundo trimestre do ano, invertendo o prejuízo do ano passado, quando registrara perdas de R$ 174,8 milhões no período. De acordo com o presidente da TAM Linhas Aéreas, Líbano Barroso, a companhia conseguiu voltar ao azul por uma série de fatores. Um deles foi o bom desempenho do mercado internacional. A receita unitária, ou seja, por assento vendido subiu 32%, em dólar, na comparação com os meses de abril a julho de 2010. A empresa vai lançar uma nova rota, São Paulo-Cidade do México, em 29 de outubro.

No mercado doméstico, embora promoções agressivas da TAM tenham reduzido em 21% a receita com a venda de bilhetes, a maior taxa de ocupação dos voos (que passou de 61% no segundo trimestre de 2010 para 69% em igual período de 2011) compensou em parte a perda de receitam explicou Barroso. Os resultados positivos do Multiplus, empresa responsável pelo programa de fidelidade da aérea, e da divisão de cargas também ajudaram nos números finais.

No entanto, na comparação com os três primeiros meses do ano, quando a empresa teve ganho de R$ 128,8 milhões, o lucro líquido apresentou queda de 53%. Esta foi puxada pela redução dos preços de tarifas e pelo aumento de custos nos últimos meses, além de ter sido influenciada por questões sazonais – tradicionalmente o segundo trimestre do ano é o mais fraco para a aviação brasileira.

As despesas operacionais da companhia subiram 3,6% sobre o primeiro trimestre e 16,4% sobre um ano antes. Segundo a TAM, o aumento de 16,4% nas despesas se deve principalmente ao aumento de gastos com combustíveis (28,1%), pessoal (25,1%) e serviços de terceiros (16,6%).

Com isso, a geração de caixa medida pelo Ebitda, sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronaves, totalizou R$ 312,8 milhões no segundo trimestre, alta de 8,2% sobre um ano antes e queda de 17,8% no comparativo trimestral.

Quanto à receita líquida, foram R$ 3,05 bilhões no segundo trimestre, alta de 17% sobre um ano antes e de ligeiros 0,4% sobre o faturamento de janeiro a março.

Promoções fora do horário de pico

Segundo Barroso, as promoções vão continuar, especialmente fora dos horários de pico. A ideia é fazer com que os passageiros que viajam a lazer optem pelos horários menos procurados, desafogando o tráfego dos viajantes a negócios, que têm menos flexibilidade de escolha.

– Vamos fazer isso com cuidado para não canabalizar o viajante de negócios – disse Barroso, em teleconferência com analistas.

De acordo com o executivo, há dois anos os que viajavam a lazer representavam 25% do total de passageiros. Hoje já respondem por 30% a 35% e podem chegar a 50% no futuro.

Apesar da crise econômica global, a TAM manteve sua perspectiva de crescimento da demanda no mercado doméstico brasileiro em uma faixa de 15% a 18% este ano, enquanto no primeiro semestre houve expansão de 21%. A companhia estima taxa de ocupação de suas aeronaves de 73% a 75% este ano.

Bologna informou que a empresa terá mais três aviões para as rotas internacionais em 2011 e que há a possibilidade de mais três aviões serem contratados para o mercado doméstico. Estes últimos dependerão dos efeitos da crise sobre o setor.

– Estamos otimistas. Acreditamos num crescimento de 8% a 9% ao ano do mercado de aviação nos próximos 20 anos. Para isso, estamos preparados para ampliar nossa capacidade, mas, se necessário, temos flexibilidade (nos pedidos de novas aeronaves) – disse Bologna.

(Danielle Nogueira l O Globo)

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