Ultra estuda aquisições de ativos químicos nos EUA

O grupo Ultra estuda fazer aquisições fora do Brasil para expandir seus negócios na área química. O conglomerado, que reúne ativos na área de distribuição de combustíveis (Ipiranga), seu principal negócio, gás GLP (Ultragaz), químicos (Oxiteno) e de logística (Ultracargo), sob o guarda-chuva da holding Ultrapar Participações, analisa ativos na área de atuação da Oxiteno para ganhar mercado fora da América Latina.

Os Estados Unidos são o principal alvo da companhia, afirmou ao Valor André Covre, diretor financeiro e de relações com investidores. "A expansão internacional é considerada uma parte estratégica importante para a Oxiteno", disse o executivo. Essa divisão do grupo está bem posicionada na América Latina, especificamente no México e na Venezuela, no segmento de especialidades químicas, com aquisições realizadas entre 2003 e 2007.
 
Ontem, o grupo anunciou seu plano de investimentos para 2012. Excluindo as possíveis aquisições, os aportes que serão realizados pela companhia serão da ordem de R$ 1,088 bilhão, sobretudo para promover seu crescimento orgânico. Neste ano, os aportes ficaram em R$ 1,094 bilhão. "Originalmente, nossos aportes seriam de R$ 1,044 bilhão, mas fizemos um acréscimo de R$ 50 milhões", afirmou Covre.
 
Do total previsto para o ano que vem, R$ 775 milhões serão destinados à área de distribuição, principal negócio da companhia. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste deverão receber principal atenção do Ultra. A companhia tem uma participação de 12% em distribuição de combustíveis nessas regiões, enquanto sua fatia nacional está em 21%. "Temos uma base maior de crescimento nessas áreas, com aumento da rede de postos através de conversão de bandeiras brancas", disse.
 
A divisão Ultragaz terá aportes de R$ 157 milhões; a Oxiteno ficará com R$ 83 milhões; a Ultracargo, com R$ 51 milhões, e outras áreas somarão R$ 21 milhões. Entre 2010 e este ano, a companhia realizou investimentos de cerca de R$ 2 bilhões para promover seu crescimento orgânico.

Para Bruno Varella, analista da Bradesco Corretora, a maior destinação de recursos do Ultra para a área de distribuição faz todo o sentido, uma vez que essa área representa o principal negócio da companhia. "Quanto maior escala, com agregação de postos, maior galonagem vendida. Maior também é a geração de caixa."
 
Em relação às aquisições do grupo para expandir os negócios da Oxiteno, Varella acredita que a entrada do grupo nos EUA é um "caminho natural". "É um complemento de portfólio do grupo na área química, uma vez que eles já possuem pequenos negócios no México e Venezuela, no segmento de especialidades químicas", afirmou.
 
Neste ano, o grupo anunciou sua ida ao Novo Mercado, o que deixa a companhia menos engessada, uma vez que cria uma porta de saída para os herdeiros controladores da companhia – a maior parte reunida na holding Ultra S.A. – e prepara a empresa para planos de crescimento mais ambiciosos. Em 2010, o conglomerado registrou faturamento líquido de R$ 42,5 bilhões.

(Mônica Scaramuzzo | Valor)

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