A estimativa é de que a mineradora levante US$ 3,5 bilhões neste processo
A Vale quer turbinar neste fim de ano seu programa de desinvestimentos. Ontem, em teleconferência com analistas, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, adiantou que a companhia trabalha “fortemente” nessa direção. “Serão feitos alguns anúncios se os trabalhos que estamos realizando tiverem sucesso”, revelou. O executivo, porém, garantiu que as negociações serão feitas com prudência e que a Vale não fará isso a qualquer preço. Durante uma maratona de teleconferências com analistas e jornalistas, o presidente da Vale lembrou que a estratégia de vender ativos não essenciais já permitiu um maior controle da dívida e o aumento da distribuição de dividendos.
Atualmente, a Vale possui, ao menos, mais oito ativos na fila para futuros desinvestimentos e que devem sair do portfólio da mineradora até o fim de 2014. O foco está em operações ligadas ao mercado de alumínio, bauxita e cobre. A estimativa é que a companhia possa embolsar US$ 3,5 bilhões nesse processo, apenas considerando a venda de ativos que, na percepção do mercado financeiro, têm mais chance de sair no curto prazo, como a participação que a Vale ainda possui na produtora de alumínio norueguesa Norsk Hydro (21,6%), uma nova fatia da Vale Logística Integrada (VLI), a participação de 31% na Log-In, o projeto de bauxita de Paragominas e a mina de cobre Tres Valles (Chile).
Ontem, Ferreira reiterou a intenção de ficar com uma fatia interior a 40% na VLI. Questionado, o executivo confirmou o interesse da companhia em analisar uma possível venda da participação de 40% que detém no capital da Mineração Rio do Norte (MRN), produtora de bauxita. Mas, deixou claro não ser uma decisão para o curto prazo. “Não significa que vamos vender esse ano ou no próximo.” Além desses ativos, ainda constam na lista de possíveis operações que podem entrar no processo de desinvestimentos, os ativos do setor de óleo e gás que a empresa ainda possui e parte de sua frota de navios, além da possível busca de um parceiro para sua mina de níquel de Thompson, no Canadá.
Neste ano, a Vale já realizou vendas de ativos na ordem de US$3,15 bilhões, acima dos US$ 1,47 bilhão arrecadados ao longo do ano passado. Neste ano, a mineradora vendeu 5% dos fluxos de ouro pagável produzidos como subproduto da mina de cobre do Salobo durante a vida da mina e 70% dos fluxos de ouro pagável produzido como subproduto das minas de níquel de Sudbury por US$ 1,9 bilhão.
O segundo negócio neste ano foi a venda da fatia da VLI para a Mitsui por R$ 1,5 bilhão e 15,9% do capital da VLI para o FIFGTS por R$ 1,2 bilhão. Na visão de analistas, a venda de ativos terá um papel importante para injetar capital na mineradora e ajudá-la a financiar sua expansão sem que haja um peso negativo no demonstrativo financeiro da empresa. Os recursos podem ajudar a financiar o maior projeto da indústria mundial, o megaprojeto Serra Sul, orçado em quase US$ 20 bilhões. O movimento de desinvestimentos vem ao encontro da estratégia da mineradora de ter maior austeridade em seus gastos.
(Fusõe e Aquisições)