A Klabin deu os passos finais para a viabilização do Projeto Puma, no Paraná, e optou pela capitalização sob a forma de debêntures conversíveis em ações, de 1,7 bilhão de reais, que no futuro representarão 13 por cento do capital da companhia.
Após o período de preferência de subscrição dos acionistas da companhia, um consórcio formado pelos investidores financeiros Sheares Investments, subsidiária da Temasek Holdings, e HS Investimentos concordou em subscrever até 1,3 bilhão de reais na operação.
“Os outros 400 milhões de reais já estão comprometidos com outros investidores também”, disse em teleconferência o diretor-geral da Klabin, Fabio Schvartsman. “Assim, o projeto Puma está oficialmente lançado com a operação que acabamos de anunciar”, completou.
A conversão das debêntures em ações está condicionada à execução do projeto, que tem uma previsão de 30 meses. Se neste período, ou seja até junho de 2016, o projeto Puma alcançar um volume de produção acumulado de 300 mil toneladas, a conversão será realizada em 48 meses, disse o executivo.
O projeto Puma, uma fábrica de celulose na cidade de Ortigueira (PR), tem investimentos previstos de 5,8 bilhões de reais e a previsão é que esteja operacional a partir de março de 2016.
O funding do projeto prevê, além da capitalização, a obtenção de financiamentos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco Interamericano de Desenvolvimento, nos valores estimado de até 4 bilhões de reais e de 300 milhões de dólares, respectivamente.
De acordo com Schvartsman, a alavancagem da Klabin será de 4 vezes o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) no pico de dispêndio da unidade. Antes da capitalização, esta relação é de duas vezes.
“A Klabin tem tido uma performance operacional muito boa e nós vamos zelar para que isso continue dessa maneira, de tal forma que o Ebitda da companhia continue crescendo e consequentemente o endividamento não fique tão grande”, afirmou.
PROJETO DE BAIXO CUSTO
Com a nova unidade, a Klabin dobrará de tamanho nos próximos três anos.
De acordo com o projeto, a empresa operará com duas fábricas, de fibra longa e curta. A produção será voltada para celulose tipo fluff, para fraldas e absorventes, produto que hoje o Brasil importa cerca de 400 mil toneladas ao ano.
Segundo o executivo, a Klabin terá “condições competitivas muito grandes”, uma vez que a fábrica foi projetada para ter o menor custo de todo o mundo.
Além disso, ele não descartou a possibilidade de, no futuro, a companhia instalar uma máquina de papel na unidade.
A Klabin também vai produzir um excedente de energia de 150 megawatts que será vendido no mercado, adicionou o executivo.
MUDANÇAS
Nesta quinta-feira, os acionistas da companhia se reuniram em assembleias para deliberar as mudanças necessárias para a realização da capitalização.
Os acionistas aprovaram abrir mão do direito de dividendo 10 por cento maior do que os detentores de ações ordinárias em troca do direito de tag along de 100 por cento.
O objetivo dos preferencialistas é ter direito de participar em oferta pública de venda da companhia nas mesmas condições em que o controle tenha sido vendido, diz trecho do documento. A mudança depende de sucesso em uma emissão de ações ou títulos conversíveis em ações, segundo a ata.
(Juliana Schincariol,Natalia Gómez, Edição de Aluísio Alves e Luciana Bruno | Reuters)