Americana CH2M estuda aquisições para crescer no mercado brasileiro

A empresa de engenharia CH2M Hill, uma das maiores dos Estados Unidos, considera a hipótese de partir para aquisições no Brasil como parte de uma estratégia maior para fazer o país responder por pelo menos 10% do seu faturamento global. Hoje, a sua receita no Brasil, de apenas US$ 22 milhões, é quase nada comparado com as dimensões globais da companhia, que faturou US$ 6,3 bilhões em 2010.

"Não estou satisfeito com isso", afirmou ao Valor o presidente da CH2M Hill, Lee McIntire. Ele integrou a comitiva de empresários que acompanhou em viagem ao país o presidente americano, Barack Obama, há pouco mais de duas semanas. No ano passado, ele também foi o anfitrião de uma reunião do Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos em Denver, no Colorado, onde fica a sede da companhia.

A CH2M Hill atua em 8 países e, entre outros contratos, gerencia o projeto de expansão do Canal do Panamá e faz parte do consórcio internacional responsável pelo planejamento, design e construção da infraestrutura dos Jogos Olímpicos de Londres de 2012. "Estamos examinando se haverá oportunidades para atuar nas Olimpíadas e Copa do Mundo no Brasil", diz McIntire.

No Brasil desde 1996, a CH2M Hill tem procurado crescer sobretudo de forma orgânica, ou seja, pela expansão de suas próprias operações. Recentemente, a empresa fechou parceria com a Método Engenharia para atuar no setor de petróleo e gás. Para este ano, a projeção da companhia é um aumento de 80% nas receitas da operação brasileira. Mas ainda será necessário multiplicar por 16 para o faturamento no Brasil representar 10% das receitas mundiais.

"Às vezes, quando você está tentando entrar num novo mercado, não é possível crescer de forma rápida organicamente", diz McIntire, explicando a lógica de partir para aquisições no Brasil. "Às vezes você precisa acelerar o crescimento por meio de aquisições. É uma questão de ter a capacidade para fazer projetos cada vez maiores."

Muitos consideram o setor de construção brasileiro fechado a competição estrangeira. Em entrevista ao Valor antes da viagem de Obama ao Brasil, o ex-subsecretário para a América Latina no governo George W. Bush, Roger Noriega, disse que as construtoras americanas vêem o país como território proibido. "Quando falo com as maiores construtoras americanas, muitas estão receosas de colocar muitos esforços no Brasil porque não tiveram um ambiente hospitaleiro no passado."

McIntire, porém, não pensa assim. "Quando disputamos contratos governamentais, fazemos parcerias com empresas brasileiras, e isso funciona para nós." Para ele, os dois países teriam a ganhar com as convergências das regulações, que poderiam reforçar o comércio e os serviços nos dois sentidos.

Os dados do Banco Central também negam a tese de que o mercado é fechado. Em 2010 o Brasil teve receita de US$ 5,739 bilhões em serviços de engenharia prestados no exterior, mas teve uma despesa de US$ 3,856 bilhões em serviços contratados de estrangeiras.

Para o executivo, um dos grandes desafios hoje é a falta de mão de obra especializada no país. "A maior parte dos engenheiros que usamos são brasileiros, mas de vez em quando precisamos trazer funcionários do exterior para executar trabalhos técnicos especializados", disse McIntire. "Sai caro porque não há tratado de bitributação [entre Brasil e Estados Unidos] e é trabalhoso por causa das exigências para obter os vistos." O tratado de para evitar a bitributação e o relaxamento das exigências para o vistos de trabalho são duas das prioridades da agenda de reivindicações do Forum de CEOs.

O mercado brasileiro, diz McIntire, está no topo das prioridades da CH2M Hill. "Estamos no país há algum tempo, sabemos como trabalhar lá, sabemos que seremos pagos, o que é muito importante, e gostamos dos fundamentos do país." E por que o Brasil em primeiro lugar, e não a China? "A China é fundamental para a gente, mas se você me pedir para fazer um ranking, o Brasil vem primeiro, porque é onde pessoalmente tenho investido mais tempo."

(Alex Ribeiro l Valor)

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