Número de ativos à venda aumentou e inclui agora termoelétricas, usinas eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e campos de petróleo
A Petrobrás tem mais de US$ 12 bilhões em ativos à venda no Brasil e no exterior, mas só divulgou planos de desinvestir US$ 9,9 bilhões por considerar o número mais factível, segundo fonte da empresa. Dificuldade nas negociações no exterior e avaliação de que ativos seriam vendidos por preço abaixo do potencial fizeram a estatal revisar a lista de patrimônio a ser desfeita.
O número de ativos à venda no Brasil aumentou e inclui agora termoelétricas, usinas eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e campos de petróleo. O plano de negócios 2013-2017 só reconhece vendas de US$ 9,9 bilhões, a serem realizadas “principalmente” em 2013.
A estatal já informou a outras petroleiras que colocará campos de petróleo à venda no Brasil e recebeu de algumas delas indicações de interesse em avaliar o portfólio. A presidente da Petrobrás, Graça Foster, reconheceu nesta semana que alguns ativos deixaram a lista de desinvestimento, como a refinaria de Pasadena, no Texas. Outros estão na iminência de sair, informou, durante entrevista para detalhamento do Plano de Negócios 2013-2017 da companhia.
A executiva, porém, preferiu não revelar a mudança de estratégia. “Não devo nem sequer falar se aumentou mais no Brasil ou no exterior”, disse Graça, reconhecendo apenas que faltou experiência com venda no exterior. “Temos experiência na compra de ativos e não tínhamos experiência na venda.”
Segundo fontes, a empresa teve dificuldades para se desfazer do portfólio de 175 blocos no Golfo do México. A estatal esperava levantar até US$ 6 bilhões com a venda de participação a um parceiro único. A urgência da Petrobrás por caixa foi um dos itens que atrapalharam a negociação.
Ativos no Golfo continuam à venda e têm a Shell entre os candidatos. No dia 7, o presidente da Shell no Brasil, André Araújo, confirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, interesse na área, sem comentar as negociações. “O Golfo do México é uma área estratégica da Shell e olhamos sempre oportunidades.”
Setor elétrico. Fontes indicam que a Petrobrás reduzirá gradativamente sua presença no setor elétrico. O desinvestimento da estatal na área deve começar pela venda dos ativos de fontes alternativas de energia, que estão completamente fora do seu foco de negócio. Posteriormente, a companhia iniciaria o processo de alienação dos seus ativos na área de geração termoelétrica.
Segundo fonte do mercado, o processo de venda mais adiantado no momento entre as usinas seria o da participação acionária na Brasil PCH, geradora que opera 13 pequenas centrais hidrelétricas com capacidade total de 291,52 megawatts (MW). A Petrobrás detém 49% dessa empresa, cujo lucro em 2012 foi de R$ 59,2 milhões, o que demonstra a baixa representatividade do negócio para a estatal.
Além das pequenas centrais, a companhia também pretende se desfazer dos seus projetos na área de energia eólica. Atualmente, a Petrobrás detém participação acionária em quatro usinas eólicas do Parque Eólico Mangue Seco (RN), com capacidade instalada total de 104 MW.
Segundo os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o parque gerador da Petrobrás soma 8,4 mil MW de capacidade instalada, considerando a participação direta e indireta em pequenas hidrelétricas, termoelétricas a gás natural, usinas a biomassa, térmicas a óleo combustível, parques eólicos e térmicas bicombustível.
(SABRINA VALLE / RIO, WELLINGTON BAHNEMANN | Estadão)