Soren Schroder, CEO da americana Bunge, uma das maiores empresas de agronegócios do mundo, sinalizou ontem que tem planos de deixar seu deficitário negócio de açúcar no Brasil. Ontem, a multinacional divulgou seus resultados globais no terceiro trimestre, com um prejuízo líquido de US$ 120 milhões (atribuível aos acionistas).
“Tendo em vista os desafios enfrentados pela indústria brasileira, começamos um processo abrangente para explorar todas as alternativas para otimizar o valor desse negócio”, afirmou o executivo em comunicado. Ele disse, ainda, que a companhia está fazendo “uma revisão abrangente” de suas operações de usinas de cana no Brasil, que sofreram com más condições climáticas e baixos preços globais de açúcar.
A companhia ainda não discutiu uma potencial venda da divisão com quaisquer pretendentes, disse posteriormente Schroder à Reuters. Já se passaram seis anos desde que a Bunge e outras multinacionais, inclusive petrolíferas, correram para agarrar uma fatia nos negócios sucroalcooleiros no Brasil.
As companhias compraram usinas e propriedades na tentativa de integrar verticalmente suas operações, apostando que o aperto na oferta de açúcar e o crescente mercado de etanol impulsionariam os lucros. Analistas estimam que a Bunge gastou mais de US$ 2 bilhões em compras de ativos no Brasil. Agora, opera oito usinas, com capacidade conjunta de moagem de 20 milhões de toneladas de cana por safra.
Mas as apostas no Brasil azedaram nos anos recentes, com as usinas locais fortemente atingidas por custos crescentes nas suas operações e por limites do governo aos preços domésticos da gasolina, o que afeta os ganhos no etanol. Para alguns analistas, é um mau sinal para o segmento de etanol no Brasil. Eles questionam como a Bunge encontrará um comprador em meio à tanta incerteza.
(Tom Polansek | Fusões e Aquisições)