A fusão entre as duas gigantes cimenteiras da Europa está paralisada. O conselho de administração da suíça Holcim decidiu ontem que os termos atuais da operação não podem mais validar a união dos ativos e propôs à francesa Lafarge que sejam renegociadas a relação de troca de ações entre ambas e questões de governança corporativa.
O colegiado ainda determinou que a assembleia geral ordinária deste ano, que está marcada para 13 de abril, deixe de discutir temas relacionados à transação e passe a conter em sua pauta apenas tópicos que dizem respeito à Holcim. A decisão foi tomada por conta da demora na aprovação de negócios nos Estados Unidos, na Índia e na União Europeia.
A Lafarge respondeu imediatamente, informando que aceita discutir a relação de troca, mas nada mais. O conselho da companhia afirmou que as condições atuais do mercado trazem margem para uma mudança na participação que cada uma teria do novo grupo, mas apenas isso. Os conselheiros da francesa disseram que permanecem comprometidos com o projeto.
Há quase um ano, em abril de 2014, as duas fabricantes de cimentos e agregados divulgaram que pretendiam fundir suas operações. As sinergias chegariam a 1,4 bilhão de euros, criando uma empresa com receita líquida anual de 32 bilhões de euros. As sobreposições de ativos e concentração de mercado em alguns países levaram a vendas de negócios desde então.
O acordo original previa que a relação de troca de ações seria na proporação de um para um. Desde então, os papéis da Holcim subiram 7,9% na bolsa de Zurique e os da Lafarge avançaram 18,6% em Paris. Só hoje, as ações da francesa perdem 4,45%, para 62,09 euros, e as da suíça caem 0,66%, para 74,95 francos (US$ 74,55).
As questões de governança citadas pela Holcim referem-se à estrutura administrativa pós-união. O presidente do conselho seria Wolfgang Reitzle, hoje em igual posto na Holcim, e a presidência executiva ficaria com Bruno Lafont, da Lafarge.
(Valor)